Após completar quase nove meses de administração, o governo Eduardo Leite enfrentou o primeiro grande embate, na tarde de hoje, com os servidores da área da Segurança Pública. Um protesto que contou com a presença de seis mil trabalhadores, segundo a organização, terminou em reunião na Casa Militar. Participaram do protesto policiais civis, militares, bombeiros, agentes da Susepe, pensionistas, viúvas e aspirantes.
Após percorrer as vias de Porto Alegre, a marcha parou em frente ao Palácio Piratini. O objetivo era defender uma reforma da Previdência em simetria com as forças armadas e manutenção da chamada paridade e integralidade de salários entre servidores aposentados e da ativa.
Coube ao secretário-chefe da Casa Civil, Otomar Vivian, receber os representantes das diversas entidades da área da segurança. Após ouvir as demandas, ele reiterou que o Executivo pretende mudar o plano de carreira de servidores somente quando houver um desfecho em torno da reforma da Previdência, discutida, hoje, no Senado. Além disso, o secretário se comprometeu com os policiais de que os projetos elaborados pelo governo serão debatidos com os servidores.
“É fundamental que nós tenhamos, não só conhecimento, mas a promulgação desses textos constitucionais (reforma da Previdência) para que os estados possam propor alterações. Mas é inegável que as atuais estruturas de carreiras precisam sofrer uma adequação diante da realidade fiscal do Rio Grande do Sul”, frisou.
Por quase uma hora, diversos temas envolvendo a segurança pública foram abordados no encontro. Uma das representações, inclusive, recomendou que o Executivo aporte os recursos oriundos da venda das ações do Banrisul para o pagamento de salários do funcionalismo. A advertência veio junto de uma sinalização de que os policiais podem cruzar os braços em protesto. Questionado se o Executivo pode acatar esse pedido, Otomar silenciou.
“Esse período impõe aos gestores públicos um período de silêncio [cobrado] pela Comissão de Valores Mobiliários. Além disso, há uma decisão judicial, recente, que impôs sigilo a esse processo [venda de ações]. A nossa posição é de respeitar a CMV e a decisão judicial”, respondeu.
Embora o presidente do Sindicato dos Escrivães, Inspetores, e Investigadores de Polícia Civil (Ugeirm), Isaac Ortiz, tenha lamentado a falta de avanços após a reunião, por considerar ter “entrado e saído do mesmo jeito do encontro”, o presidente da Associação dos Oficiais da Brigada Militar (AsofBM), coronel da reserva Marcos Paulo Beck, avaliou como positiva a reunião, mas deixou um recado. “O governo quer acabar com a integralidade e a paridade, mas isso não é possível porque nós trabalhamos ao longo de uma vida para termos esta conquista”, resumiu.