O ex-ministro e ex-deputado Carlos Marun, do MDB, afirmou, na tarde de hoje, que procuradores da força-tarefa da Lava Jato “medem os outros por sua pequena ou inexistente régua moral”. A declaração decorre do vazamento de conversas em que a força-tarefa da operação não demonstrou interesse em uma delação do ex-deputado Eduardo Cunha por não incriminar determinados nomes, entre eles o de Marun. O então parlamentar era o principal aliado de Eduardo Cunha na Câmara dos Deputados e um dos articuladores para retardar o processo de cassação do emedebista, ainda em 2016.
“Modéstia à parte, nunca recebi do Cunha, nem a pedido do Cunha, um centavo. Até as contas de restaurante, eu paguei minha parte. Se (eles) defendem alguém como eu faço, (acham que) tem que estar cobrando algo”, disparou. Marun também questionou que já conversou com o advogado, mas que como [o diálogo vazado] se trata de prova ilícita, “ninguém vai ser punido por isso.”
Entretanto, a estratégia vislumbrada pelo agora integrante do Conselho de Itaipu Binacional é a lei de abuso de autoridade: “vou convencer os colegas (deputados) a derrubar os vetos à lei, porque esse país não vai ser uma democracia enquanto não se puder punir quem comete esses abusos”, disparou. Ainda sobre os diálogos vazados, que dão conta de uma série de irregularidades no curso da investigação da operação Lava Jato, Marun questionou se “o País vai fingir que isso não aconteceu”. Alegou que o fato de os diálogos terem sido recebidos “de forma criminosa” não invalida o conteúdo, ressaltando que pode ser usado em defesas – a exemplo do ex-presidente Lula.
“Eduardo Cunha se recusou a inventar algo que me incriminasse, e está preso. E se ele tivesse cedido a essa chantagem?”, prosseguiu o ex-deputado, alegando que hoje “estaria com a vida destruída.” Também declarou que os envolvidos na questão “aceitam se tornar criminosos sob pretexto de combater o crime”, e voltou a reforçar a importância da lei de abuso de autoridade: “essas pessoas têm que responder diante da Justiça da mesma forma que todos os brasileiros”, completou.
Atualmente, Carlos Marun é integrante do Conselho de Itaipu Binacional. O político, que compôs o gabinete de Michel Temer, permaneceu afastado do cargo durante cinco meses, após o desembargador Rogério Favreto considerar que, por ter ocupado um posto no governo federal, Marun não podia ser indicado para compor o conselho da usina hidrelétrica. Magistrados da 3ª Turma do TRF4 avaliaram que Itaipu não segue os preceitos da legislação brasileira, pelo fato de ser uma binacional. Com isso, Marun retornou ao cargo.