O presidente em exercício, Hamilton Mourão, disse hoje que houve um “desgaste prematuro” da proposta de criação de um novo imposto sobre transações financeiras antes mesmo de haver uma definição por parte do governo. Ele também revelou que partiu do presidente Jair Bolsonaro a ordem de exonerar o agora ex-secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, porque o debate “transbordou” para redes sociais antes de chegar à mesa dele.
“Vamos supor que o governo considere que tenha que encaminhar isso ao Congresso, quem é que vai definir essa manobra? É o Congresso. Então, todo o desgaste prematuro em relação a isso aí não leva a nada, porque tudo isso vai ser discutido dentro do Congresso. Se o Congresso quiser, vai ocorrer. Se não quiser, não vai ocorrer. A gente se desgasta prematuramente em alguns assuntos”, afirmou a jornalistas ao sair do gabinete no Palácio do Planalto.
Mourão fica no exercício do cargo até amanhã, quando Bolsonaro deve retomar o comando do país, despachando diretamente do hospital onde segue internado, em São Paulo.
Segundo Mourão, a decisão de exonerar o secretário especial da Receita Federal, Marcos Cintra, partiu de Bolsonaro após a discussão sobre a criação de um novo imposto ter se tornado “pública demais”.
“O presidente Bolsonaro não tomou nenhuma decisão a esse respeito [criação de imposto], e ele acha que a discussão se tornou pública demais. Antes de ter passado por ele, ser discutido com ele, esse troço transbordou, e aí o presidente não gostou”, disse.
Em mensagem postada no Twitter, Bolsonaro descartou a recriação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) e o aumento da carga tributária.
Na nota em que anunciou a exoneração de Marcos Cintra do cargo de secretário especial da Receita Federal, o Ministério da Economia destacou “que não há um projeto de reforma tributária finalizado” e que a equipe econômica “trabalha na formulação de um novo regime tributário para corrigir distorções, simplificar normas, reduzir custos, aliviar a carga tributária sobre as famílias e desonerar a folha de pagamento”.