O Brasil superou Itália e Espanha e subiu da nona para a sétima posição entre os países com mais representantes no ranking de melhores universidades da revista britânica THE (Times Higher Education), uma das mais importantes em avaliação do ensino superior do mundo.
Os dados do levantamento, incluindo 1396 universidades de 92 países e regiões, foram divulgados nesta quarta-feira e compilados pelo jornal O Estado de S.Paulo. Os Estados Unidos seguem dominando a lista, com 172 instituições. O Brasil soma 46. A melhor colocada — também líder na América Latina — é a USP (Universidade de São Paulo). Segundo a revista, problemas de financiamento educacional e a “hostilidade” do governo Jair Bolsonaro ao ensino superior já surtem efeito negativo.
A líder é a Universidade de Oxford, do Reino Unido, que se manteve em primeiro. A USP aparece na posição 251-300 (após o 200º lugar, as instituições são classificadas em faixas), a mesma do ano passado. A segunda brasileira melhor classificada é a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), que ficou na faixa 501-600, mas recuou em relação ao ranking anterior, onde fazia parte do bloco 401-500. Entre as outras brasileiras listadas, a maioria é pública.
O Chile, segundo melhor país latino-americano no levantamento, aparece com 18 representantes. Já entre as nações emergentes, o destaque vai para a China. Segundo a revista, a Ásia vem aumentado a relevância no ranking e ameaçando a predominância dos Estados Unidos e da Europa. O levantamento THE é construído com base em 13 indicadores de desempenho, considerando fatores como ensino, pesquisa, citações em revistas científicas, registro de patentes e internacionalização.
A editora do ranking, Ellie Bothwell, classificou como “conquista” o fato de o Brasil ter avançado em relação ao ano anterior em número de representantes. “No entanto, é lamentável que todos os novos registros (as instituições que entraram na lista) do Brasil estejam fora do top 1000 e que várias outras estejam fora da tabela”, afirmou, criticando as constantes questões de financiamento e a falta de uma estratégia de ensino superior.
“O ensino superior global está se tornando um campo cada vez mais competitivo”, destacou Ellie, para quem o Brasil vai ter de “trabalhar mais” para fazer avanços positivos na tabela. “Para tal, a crescente hostilidade do governo atual em relação à educação superior inspira pouca confiança”, criticou.
Desde abril, bloqueios de verba das universidades federais e da pós-graduação motivaram críticas e protestos contra a gestão Bolsonaro. Segundo professores, cientistas e alunos, a falta de recursos pode paralisar pesquisas e fazer com que talentos abandonem a academia ou migrem para o exterior. Nas federais, isso já afeta as atividades acadêmicas, com suspensão de intercâmbios, transporte e até de ar-condicionado. O governo federal justifica os contingenciamentos orçamentários por causa do cenário de restrição fiscal e reitera que a prioridade até 2022 é investir na educação básica.