Procuradores do Ministério Público Federal marcaram, para a próxima segunda-feira, uma manifestação contra a indicação de Augusto Aras para a Procuradoria-Geral da República. A associação que reúne a classe disse temer um retrocesso institucional e democrático com a decisão do presidente Jair Bolsonaro. Os procuradores ainda reclamam que o escolhido não tem liderança para comandar o órgão. O diretor de Assuntos Corporativos da Associação Nacional dos Procuradores da República, Carlos Cazarré, afirmou que Aras não participou dos debates públicos realizados entre os candidatos ao cargo. “Nós ficamos sem saber, exatamente, o que podemos esperar em termos institucionais”, ponderou. “Nós estamos diante de um retrocesso muito grande”, completou o procurador.
A escolha do procurador-geral da República através da lista tríplice ocorre desde 2003. Apesar de não ser uma obrigação legal, o método passou a ser adotado pelo ex-presidente Lula. Dilma Rousseff manteve a tradição. Michel Temer, por sua vez, não escolheu o primeiro da lista. O ex-presidente aceitou a indicação da segunda colocada, a hoje procuradora Raquel Dodge. Em entrevista ao programa Direto ao Ponto na manhã desta sexta-feira, o diretor da ANPR Carlos Cazarré defende o modelo que vige há 16 anos. “Temos a convicção de que isso foi bom para a instituição e para a sociedade”, considerou.
A delegada substituta da ANPR no Rio Grande do Sul lembrou da incerteza que a decisão traz sobre o combate à corrupção e ao crime organizado. Letícia Carapeto Benrdt lembrou o período no qual o chefe da PGR era conhecido como “engavetador-geral da República”. “Tudo que se construiu com a Lava Jato foi feito a partir da independência do Ministério Público”, afirmou.
O coordenador da força-tarefa da operação Lava Jato no Paraná, Deltan Dallagnol, usou o Twitter para criticar a decisão de Bolsonaro. Em live realizada nessa quinta, o presidente da República pediu que os apoiadores deem uma chance e aguardem o desempenho de Aras à frente da PGR.