Aras já procura senadores para buscar apoio a indicação

Em Londres, presidente do STF evitou comentar escolha do presidente Jair Bolsonaro

Aras diz que atitudes de Janot são
Aras diz que atitudes de Janot são "inaceitáveis". Foto: Divulgação/MPF

Indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para a Procuradoria-Geral da República (PGR), o subprocurador Augusto Aras já começou a procurar senadores em busca de apoio. O nome precisa ter o aval de pelo menos 14 senadores na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e 41 em plenário.

De acordo com o jornal O Estado de S.Paulo, Aras telefonou para a presidente da CCJ, Simone Tebet (MDB-MS), na noite dessa quinta, e anunciou que pretende visitar todos os 81 senadores da Casa antes de ser sabatinado. A mensagem presidencial com a indicação deve começar a tramitar no Senado na semana que vem. Para Simone, a votação do PGR pode ser concluída ainda em setembro.

O escolhido também já procurou senadores de oposição. O líder do PT, no Senado, Humberto Costa (CE), vai recebê-lo na semana que vem. “Nós não vamos vetar ninguém. Nós queremos ouvir, vamos cobrar coisas que a gente acha que são importantes, relevantes”, comentou o parlamentar, também em declarações para o Estadão.

Para que a indicação comece a tramitar, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), precisa ler a mensagem presidencial e plenário. Na sequência, a CCJ escolhe um relator, discute e vota. Tanto na comissão quanto em plenário, a votação é secreta.

Toffoli não comenta

Pelo segundo dia na capital britânica, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, se esquivou de jornalistas que o abordaram durante agenda pública em Londres. Nesta sexta, ele participou das comemorações do Dia da Independência na Embaixada do Brasil. Questionado sobre a decisão de Bolsonaro de indicar Aras como substituto de Raquel Dodge na Procuradoria-Geral da República (PGR), Toffoli se limitou a dizer: “Estou fora do Brasil e não sei o que está acontecendo”, desconversou.

Dallagnol critica

Já o coordenador da Lava Jato no Paraná, Deltan Dallagnol, afirmou, no Twitter, que a força-tarefa defende o respeito à lista tríplice para a escolha do procurador-geral da República. Para o procurador, essa é a forma de garantir um chefe “testado e aprovado” para a instituição. “A força-tarefa Lava Jato no Paraná sempre defendeu a lista tríplice, por favorecer a escolha de um PGR testado e aprovado em sua história e seus planos, assim como a independência do Ministério Público”, escreveu.

Deltan apoiou a nota da Associação Nacional de Procuradores da República (ANPR), emitida ontem, na qual se posiciona contrária à nomeação e convoca os procuradores para um protesto em reação à nomeação. “Nós nos unimos à ANPR no debate pelo melhor para o País e para a causa anticorrupção”, disse o coordenador da Lava Jato no Twitter.