O julgamento de João Moojen Neto, acusado de tentativa de homicídio de Bárbara Penna e pelas mortes dos dois filhos do casal e do vizinho das vítimas, Mário Ênio Pagliarini, começou nesta terça-feira no Foro Central de Porto Alegre. Antes do início da sessão, integrantes da acusação e da defesa se manifestaram sobre a expectativa do júri que será realizado em dois dias.
“Serão os dois dias mais longos da minha vida”, disse Bárbara Penna. “Tenho um sentimento de tristeza e revolta. Vou reviver todo o inferno que já passei. Sinto ansiedade pela Justiça, ainda mais porque sou refém da minha história. Tentarei seguir a minha vida de certa forma, porque eu luto pela minha sobrevivência. É algo que está marcado na minha história, na minha pele, na minha vida, algo que foi imposto a mim. Por causa do João eu nunca mais vou ser a mesma”, completou.
De acordo com o assistente de acusação Manoel Castanheira, não há uma estratégia. “Na verdade, nós viemos hoje aqui, neste julgamento, para, mais do que pedir justiça, buscar um desfecho. Um desfecho para um processo judicial que se alonga há quase seis anos e que tem dentro do seu âmago uma série de situações jurídicas que devem se encerrar”, explicou. Castanheira espera que prevaleça a resposta da sociedade de Porto Alegre sobre assuntos relacionados à violência doméstica. “Vamos ver o que ela tolera e o que ela quer impedir na violência contra a mulher”, acrescentou.
A defensora Tatiana Cosme Boeira, que representa João Moojen Neto, afirmou que a estratégia da defesa será demonstrar que esta foi uma situação que dizimou toda uma família. “Queremos esclarecer qual é responsabilidade do João. Nós tentaremos mostrar qual era a situação dele naquele momento do fato. Ele tem responsabilidade por algumas coisas, mas eu penso que outras pessoas também têm responsabilidade por aquilo que aconteceu”, argumentou.
O crime
Em novembro de 2013, João Moojen Neto entrou em discussão com a então esposa Bárbara Penna no apartamento em que o casal residia, no bairro Jardim Lindoia, na zona Norte de Porto Alegre. Neto colocou fogo no imóvel e agrediu Bárbara, que sofreu diversas queimaduras.
Isadora Penna de Moraes Moojen, de dois anos, e João Henrique Penna de Moraes Moojen, de quatro meses, morreram em razão do fogo. Um vizinho, Mário Ênio Pagliarini, de 76 anos, também foi encontrado morto nas escadas do prédio.