Aguardado pelo setor de arroz, o anúncio sobre renegociação de dívida dos produtores acabou não sendo feito pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que circulou hoje pela Expointer. Ela disse que a publicação de alguma medida ainda depende da finalização de tratativas em andamento entre o Ministério da Agricultura, BNDES, Banco Central e Ministério da Fazenda.
“Não adianta fazer uma linha que o produtor não possa utilizar. Estamos achando um caminho”, garantiu, em entrevista à imprensa, depois de abrir oficialmente o Pavilhão da Agricultura Familiar.
De acordo com a ministra, uma das negociações se refere à taxa de juros das linhas para repactuação do endividamento. A ideia é trabalhar para o que a taxa não supere os 9% ao ano. Ela disse ainda que reconhece ser “grave” o problema da lavoura orizícola no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, que respondem juntos por 80% da produção nacional do grão. “Não é interesse de ninguém que os arrozeiros saiam da produção”, acrescentou.
Às entidades, em reunião fechada, Tereza Cristina informou que também tenta convencer outras instituições financeiras oferecer essa linha de financiamento. “Precisamos de mais gente dentro dessa linha. Isso vai trazer mais recursos e mais opções para os produtores”. Comentou ainda que pediu à Embrapa que se debruce de maneira profunda sobre os problemas enfrentados pelos arrozeiros gaúchos. “Nossa preocupação é deixar esse setor de pé novamente”.
Em relação à imagem do agronegócio brasileiro, que acabou novamente atingida após o aumento do desmatamento e das queimadas na floresta amazônica, ela disse que “prejuízos sempre existem”, mas que não vai ficar “alimentando o tom desta conversa” para não promover mais debate. “Temos que mostrar nossa realidade, o Brasil tem mazelas, sim, estamos corrigindo e indo para a ação”, comentou, ao argumentar que o governo federal encaminhou tropas das Forças Armadas à floresta amazônica para combater os crimes.
Sobre as ameaças de países de suspenderem a compra de produtos agropecuários brasileiros, como a manifestação, hoje, de uma empresa norueguesa, maior produtora de salmão do mundo, que pode barrar a aquisição de soja, a ministra disse que é preciso cautela e responder às informações desejadas pelos importadores.
Questionada sobre a possibilidade de uso de recursos de fundo da Petrobras para regularizar propriedades na Amazônia, a ministra explicou que a ideia é oferecer aos produtores e assentados a chance de se regularizar para que eles possam continuar nas terras, acessar crédito e viver na legalidade.
Segundo ela, uma parte expressiva da Amazônia é ocupada hoje ilegalmente, já que existe uma “grande confusão na regularização fundiária”. Durante a audiência da Frente Parlamentar da Agricultura, no auditório da Farsul, a ministra afirmou que a Anvisa deve “desengavetar”, ainda esse ano, mais 19 princípios ativos de defensivos agrícolas.
Tereza Cristina também conclamou o Estado a trabalhar para a retirada da vacina da febre aftosa do rebanho bovino gaúcho. Segundo ela, é grande a chance de que o Estado ingresse no mercado japonês caso se torne zona livre de febre aftosa sem vacinação.