“Não passava sentimento de fúria e parecia assustado”, relata professor que desarmou agressor

Juliano Mantovani impediu jovem de 17 anos de atingir estudantes em escola de Charqueadas

Juliano trabalha há 16 anos na escola | Foto: Ricardo Giusti/CP

Os gritos de alunos do Instituto Estadual de Educação Assis Chateaubriand, em Charqueadas, durante o horário de aula, na tarde desta terça-feira, despertaram a atenção do professor de educação física da escola, Juliano Mantovani. Por volta das 13h15min, ele correu para ver o que ocorria em uma das salas e se deparou com um adolescente atacando as crianças com uma machadinha. Sem pensar muito, partiu em imediato para impedir o agressor, mais tarde identificado como um ex-aluno, de 17 anos.

“Ele não passava aquele sentimento de fúria, parecia estar muito assustado. Tanto que quando eu consegui tirar a machadinha ele não esboçou nenhuma agressão contra mim, se assustou e decidiu correr”, explica o profissional, que relata que foi “cego para cima dele”. “Sou pai de duas crianças e tenho certeza que qualquer pai teria feito a mesma coisa”, disse, celebrando que não houve feridos graves.

Quando partiu em direção do jovem, Juliano, que trabalha há 16 anos no local, conseguiu pegar a machadinha e uma garrafa que ele tinha na outra mão. Na ação, se desequilibrou e caiu, enquanto o agressor correu em fuga. “Saí atrás, mas não consegui alcançar porque ele correu muito mais do que eu. Quando ele chegou no portão, os outros alunos vieram gritando que os colegas estavam sangrando muito”, relatou, dizendo nunca ter passado por uma situação semelhante.

Conforme a polícia, o jovem foi para a casa do pai e contou o que tinha feito. O homem optou por entregar o filho à delegacia da cidade. No depoimento, o adolescente confessou o crime e comentou que havia sofrido bullying na escola. Também disse que o ataque em Suzano, em março, o inspirou. De acordo com o professor, o jovem era um estudante calmo.

* Com informações das repórteres Laura Gross, da rádio Guaíba, e Franceli Stefani