Suspensão de radares móveis vai criar “indústria da morte”, afirma presidente da Abur

Para Abur, medida ainda coloca em dúvida o trabalho da Polícia Rodoviária Federal

Foto: Divulgação/ PRF

O presidente da Associação Brasileira dos Usuários de Ruas, Estradas e Rodovias (Abur), Gerri Machado, é contrário à medida que suspendeu o uso de radares móveis nas rodovias federais. A decisão foi publicada no DOU (Diário Oficial da União) desta quinta-feira.

Em entrevista ao programa Direto ao Ponto, na manhã de hoje, Machado alegou que a indústria da multa é folclore. ”Se perguntarmos para quem usa carro, certamente vão dizer que são favoráveis [a retirada], mas as pessoas são multadas por irregularidades, esse é o ponto. O fim da chamada indústria da multa vai criar uma indústria da morte”. Ele ainda alega que, se há excessos nas penalizações, o poder público deve combater e não eliminar ações de fiscalizações.

Para o presidente da Abur, a medida do Governo Federal ainda coloca em dúvida o trabalho da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

“O Brasil mata muito no trânsito, mas nos últimos 10 anos houve redução dos acidentes em função da Lei Seca e o aperto na fiscalização aos motoristas apressadinhos. Houve investimento em equipamentos e isso reduziu mais de 20% das mortes. Em 2011 foram 43 mil mortes; em 2017, 37 mil. E isso acontece pela ação dos valorosos policiais rodoviários que são atingidos pela medida. Parece que o trabalho deles está sendo posto em dúvida. Agora, eles perdem a possibilidade de multar por excesso de velocidade. Se alguém passar correndo por eles, eles não podem fazer nada”, contesta.

Machado ainda citou que a cada 15 minutos alguém morre em acidentes de trânsito no país. Somente em 2018, foram 50 milhões de pessoas feridas e 60% dos leitos do Sistema Único de Saúde (SUS) ocupados por pessoas nessas condições, conforme dados do Observatório Nacional de Trânsito. Para ele, o Governo deveria buscar soluções para terminar com as mortes e não abrandar a pena de quem coloca sua vida e dos outros em risco.