Congresso paraguaio vai investigar suposto privilégio a empresa brasileira em Itaipu

Em entrevista à Rádio Guaíba, senador paraguaio disse que empresário e suplente de senador do PSL teria usado nome da família Bolsonaro em negócios

Empresa ligada a Alexandre Giordano, suplente do senador Major Olímpio (PSL-SP), será alvo de investigação no Congresso do Paraguai | Foto: Divulgação/Major Olímpio

Uma investigação aberta pelo Congresso do Paraguai vai apurar a responsabilidade do presidente Mario Abdo Benítez em um acordo energético firmado com o Brasil em maio. Segundo a imprensa local, a venda da energia excedente produzida pela Usina de Itaipu poderia encarecer o serviço para os paraguaios – donos da hidrelétrica ao lado do Brasil. Indícios apontam que a negociação privilegiou a empresa brasileira Léros. O grupo é ligado ao empresário Alexandre Giordano, suplente do senador Major Olímpio (PSL-SP).

Em entrevista exclusiva à Rádio Guaíba, o senador paraguaio Eusebio Ramón Ayala explicou detalhes do acordo investigado. O empresário brasileiro teria negociado o contrato com um assessor do vice-presidente do país vizinho. Giordano teria se apresentado como senador e usado o nome de Bolsonaro nas reuniões com emissários da companhia elétrica paraguaia. “O presidente da Ande [equivalente paraguaia da Eletrobrás] o recebeu porque essa empresa era ligada à família presidencial do Brasil, de Bolsonaro”, afirmou referindo-se às mensagens que revelaram o caso.

O senador paraguaio Eusebio Ramóm Ayala faz parte da comissão que investiga suposto esquema | Foto: Divulgação

O senador Ayala é membro do Partido Liberal Radical Autêntico, que faz oposição ao Partido Colorado, do presidente Mario Abdo. O congressista compõe a comissão de investigação instaurada no Paraguai. Segundo o parlamentar, o grupo vai analisar os detalhes da ata bilateral e o papel da Léros no acordo de revenda da energia de Itaipu. “A negociação era em duas partes e, obviamente, o governo paraguaio ocultou todo o processo”, afirmou Ayala.

Eusebio Ramón Ayala afirmou que a oposição manterá os esforços para o impeachment do presidente Abdo. O senador ainda considerou que, mesmo com os problemas em Itaipu, a relação entre Brasil e Paraguai será boa. “Temos que aparar as arestas – sim, elas existem – porque somos vizinhos e continuaremos sendo”, concluiu.