Marchezan: PP na base é “pauta vencida”

Declaração ocorreu horas após debate acalorado entre o líder do governo na Câmara e vereador progressista durante o Esfera Pública

Foto: Alex Rocha / PMPA / Divulgação

O prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior (PSDB), classificou como “pauta vencida” a discussão sobre a participação do Partido Progressista (PP) na base aliada. A declaração ocorreu, à tarde, horas após um debate acalorado entre o líder de governo na Câmara, Mauro Pinheiro (Rede), e o vereador Ricardo Gomes (PP), durante o Programa Esfera Pública, na Rádio Guaíba.

“Essa pauta está vencida para mim. Estou confiante no trabalho e na parceria dos vereadores. Espero que todos possam contribuir com projetos que são importantes para a cidade. Que entendam a importância das mudanças que estamos propondo e coloquem os resultados para a sociedade acima de interesses pessoais, partidários e dos projetos eleitorais”, pontuou, na saída da solenidade, à reportagem do Correio do Povo.

Com o afastamento do PP, que compunha a base de governo até o mês passado, um arranjo de forças diferente passa a ser articulado no Legislativo Municipal. No segundo semestre, de acordo com Marchezan, o Executivo vai apresentar cerca de 40 projetos à Câmara, “relacionados à organização administrativa da Prefeitura, com carreiras do funcionalismo e outros temas estruturantes”.

Um dos projetos que requer a articulação da base de forma mais célere é justamente o da revisão dos valores de IPTU, matéria que provocou a colisão de posicionamentos entre Marchezan e o PP. Para valer no ano que vem, o projeto precisa ser aprovado até 27 de setembro. Com a revisão, o Executivo projeta arrecadar R$ 68 milhões a mais, em 2020.

Debate acirrado marcou o Esfera Pública

Em clima quente, mais cedo, vereadores de Porto Alegre expuseram divergências com relação ao relacionamento com o governo de Marchezan, durante o Esfera Pública. O centro dos debates é a tramitação do projeto de revisão sobre a planta do IPTU e a motivação, a recente ruptura entre o tucano e o PP, que compunha a base do governo na Câmara e, agora, promete postura independente.

“A Câmara não pode ficar três, quatro meses discutindo um requerimento na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O PP não quer ouvir a verdade, mas o que está acontecendo é que vereadores progressistas estão postergando uma decisão importante para o governo e para a comunidade porto-alegrense”, acusou o líder do governo municipal no Legislativo, vereador Mauro Pinheiro (Rede).

Interlocutor entre o Paço e a Câmara, Pinheiro apontou a presidente da Casa, vereadora Mônica Leal (PP) e o presidente da CCJ, vereador Ricardo Gomes (PP), como responsáveis pelo atraso na apreciação de um requerimento que pode conduzir a revisão do IPTU de volta ao plenário para conclusão das votações. Embora tenha sido aprovada em abril, a votação sobre a matéria é contestada desde maio.

“Um presidente de Poder Legislativo não pode ficar esperando 90 dias por um parecer. Isso é incompetência, é incompetência”, declarou, repetidamente e em voz alta, Mauro Pinheiro.

A reação veio, de pronto e com força semelhante, na fala do vereador Ricardo Gomes. “O senhor é o exemplo do diálogo praticado pelo governo Marchezan. Deve estar convivendo demais com o prefeito”, retrucou.

Gomes disse aos jornalistas Juremir Machado da Silva e Taline Oppitz, que comandaram o programa do Estúdio Cristal, que não é recebido pelo prefeito há mais de um ano. “Marchezan se negou de receber a executiva do PP. Reduziu espaços de participação dos progressistas no governo. Vem ordenando exonerações injustas de pessoas que indicamos. Poderia ter recebido nossas lideranças para discutir seus projetos. Poderia ter deixado de vincular cargos ao relacionamento com os vereadores. Se tivesse feito isso, a relação não teria estourado, como estourou”, comentou.