Juiz rejeita pedido da OAB para atuar em investigação sobre hackers

Entidade defendia participar do processo para assegurar a integridade das provas obtidas e o amplo acesso dos advogados à investigação policial

Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil

O juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal em Brasília, negou hoje pedido feito pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para atuar como assistente no inquérito da Operação Spoofing, da Polícia Federal (PF), que apura invasões de hackers ao celular do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e de outras autoridades.

Na decisão, o magistrado entendeu que não há previsão legal para que a OAB possa “interferir no inquérito policial como requerido”. A OAB defendia participar do processo para assegurar a integridade das provas obtidas e o amplo acesso dos advogados à investigação policial. A entidade também solicitou o envio de ordens judiciais” à Polícia Federal e ao ministro Moro para evitar o “comprometimento da integridade do material” da investigação.

A questão da inutilização das provas passou a ser discutida no mês passado, quando, por meio de nota, o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro João Otávio de Noronha, confirmou que teve o celular invadido. O magistrado disse Moro o comunicou que a intenção era “descartar” o material obtido nas investigações “para não devassar a intimidade de ninguém”.

Ontem, o ministro Sergio Moro negou ter orientado a Polícia Federal a destruir mensagens. Em um documento enviado ao STF, o ministro da Justiça disse que o entendimento de Noronha foi “apenas um mal-entendido quanto à declaração sobre a possível destinação do material obtido pela invasão criminosa dos aparelhos celulares, considerando a natureza ilícita dele e as previsões legais”.

Investigação
Nessa quinta-feira, Moro pediu à Procuradoria-Geral da República (PGR) a abertura de investigação sobre o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz.

No documento encaminhado à PGR, Moro requer que o Ministério Público apure supostos crimes de calúnia, injúria e difamação.

Em uma entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, há duas semanas, o presidente da entidade disse que o ministro “banca o chefe de quadrilha” no caso da investigação dos hackers que invadiram o celular dele.