Preso pela PF relata que celular de promotor deu acesso a números de outras autoridades

"Vermelho" também afirmou ter dado acesso ao jornalista Glenn a informações capturadas, sem cobrar contrapartida

Foto: Valter Campanato / Agência Brasil

A primeira vítima de Walter Delgatti Neto, o “Vermelho”, preso na terça-feira pela suspeita de invadir celulares de autoridades foi um promotor de Araraquara, no interior paulista. Segundo pessoas que tiveram acesso ao depoimento dele, o suspeito disse que, a partir dos contatos do aparelho de Marcel Zanin Bombardi, teve acesso a outros números de autoridades. O jornal O Estado de S. Paulo também informou, nesta quinta-feira, que “Vermelho” afirmou aos investigadores da Operação Spoofing ter dado acesso ao jornalista Glenn Greenwald às informações capturadas do aplicativo Telegram.

De acordo com fontes ouvidas, Walter disse que não pediu nenhuma contrapartida financeira para repassar as informações ao jornalista. A defesa de Glenn, fundador do site The Intercept Brasil, disse, em nota, que “não comenta assuntos relacionados à identidade de suas fontes anônimas”.

Ainda conforme os relatos apurados pelo Estadão, a invasão ao celular do promotor de Araraquara teve como motivação o fato de “Vermelho” ter sido denunciado por ele, em 2015, em um caso envolvendo tráfico de drogas.

Além de Walter, outras três pessoas estão presas em Brasília, suspeitas de participarem da invasão a celulares de altas autoridades dos Três Poderes, entre elas o ministro da Justiça, Sergio Moro; procuradores da Lava Jato; o ministro da Economia, Paulo Guedes; e a líder do governo Bolsonaro no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP). As provas foram encontradas em perícias, buscas e apreensões e baseadas em depoimentos dos presos realizados na terça-feira passada.