Dallagnol queria acelerar ações contra Jacques Wagner, publica jornal

Novas mensagens vazadas sobre as investigações da Lava Jato sugerem que procurador queria fazer busca e apreensão sobre senador petista

Foto: José Cruz/Agência Brasil

Novos trechos das conversas de Deltan Dallagnol sobre as investigações da Lava Jato, divulgados pela Folha de S. Paulo e pelo site The Intercept Brasil, neste sábado, sugerem que o procurador queria acelerar as ações contra Jacques Wagner (PT-BA) em outubro de 2018.

De acordo com as mensagens, Dallagnol queria fazer busca e apreensão sobre o político, recém-eleito senador pela Bahia, por ‘questão simbólica’. Em 24 de outubro, dia em que ocorreram as trocas de mensagens, o juiz Sergio Moro já era cotado a virar ministro de Jair Bolsonaro — que disputou com Fernando Haddad (PT-SP) o segundo turno das eleições.

Em uma das conversas, Dallagnol pergunta: “Caros, Jaques Wagner evoluiu? É agora ou nunca… Temos alguma chance?”. Um procurador identificado como Athayde (que, segundo a colunista Mônica Bergamo, é provavelmente Athayde Ribeiro Costa) responde: “As primeiras quebras em face dele não foram deferidas. Mas novos fatos surgiram e eles iriam ‘pedir reconsideração'”.

“Isso é urgentíssimo. Tipo agora ou nunca kkkkk”, responde Dallagnol. Athayde rebate dizendo que “isso não impactará o foro”. O procurador responde: “Não impactará, mas só podemos fazer BAs [operações de busca e apreensão] nele antes [da posse]”.

Ainda no grupo, uma procuradora pondera que o petista já havia sido alvo de uma busca: “Nem sei se vale outra”. Dallagnol responde: “Acho que se tivermos coisa pra denúncia, vale outra BA até, por questão simbólica”. E completa: “Mas temos que ter um caso forte”.

Athayde então pondera que o “mais fácil” [para a acusação] era Wagner aparecer “forte” em outro caso, e o procurador finaliza: “Isso seria bom demais”.

Procurada, a assessoria da Lava Jato disse que “o material não permite constatar o contexto e a veracidade do conteúdo. Os integrantes da força-tarefa pautam suas ações pessoais e profissionais pela ética e pela legalidade. A investigação, o pedido, a decisão e a execução de buscas e apreensões demandam semanas ou meses, o que torna indigna de credibilidade a suposta mensagem”.