A secretária de Desenvolvimento Social e Esporte de Porto Alegre, Nádia Gerhard, disse nesta quarta que as equipes de abordagem social – com integrantes da Secretaria da Saúde e da Pasta que ela comanda –, vêm apresentando “péssima execução” na tentativa de convencer moradores de rua a sair dessa condição. Em palestra para integrantes da Associação das Empresas dos Bairros Humaitá e Navegantes (AEHN), Nádia afirmou que o programa Mais Dignidade oferece recursos e opções de moradia, ensino e alimentação para pessoas em situação de rua, mas que questões ideológicas dos servidores da prefeitura impedem a adesão.
Através da iniciativa, o Executivo pode destinar R$ 500 mensais para um aluguel de um imóvel, hostel, hotel ou pousada para moradores de rua, que, de acordo com a secretária, ainda recebem uma bolsa-auxílio de R$ 430 para cursos profissionalizantes, passagens de ônibus e cesta básica. Apesar disso, segundo a secretária, no máximo 46 pessoas aderiram ao Mais Dignidade, lançado há cerca de um ano. Já o número cidadãos de outros municípios que viviam nas ruas de Porto Alegre e aceitaram retornar para o convívio das famílias chega a 77, número que também é considerado baixo.
“A maioria das minhas equipes de rua não convence eles a sair, estimula a ficar”, disse Nádia. Para a secretária, o grupo, de servidores concursados e com estabilidade, mantém a ideologia de que ficar na rua é um direito.
De acordo com Nádia, a Pasta dispõe de R$ 1,8 milhão para projetos com moradores de rua, que terão de ser devolvidos se não forem gastos até dezembro. “A execução é péssima. É lenta, demorada, a burocracia administrativa do município, do Estado e da nação é um paquiderme andando em uma cristaleira. Além de demorada, destrói com as coisas boas”, lamentou.
Nádia falou que pretende solucionar essa questão com a criação de um telefone exclusivo para questões de vulnerabilidade. Atualmente, as equipes de abordagem social podem ser acionadas pela população somente através do 156, referente a todos os serviços da Prefeitura.
A titular do Desenvolvimento Social ainda afirmou “não ser digno” doar comida, esmola e banho a moradores de rua, o que, segundo ela, estimula as pessoas a ficarem nessa situação.
*Com informações do repórter Henrique Massaro