Flordelis: hipótese de traição do marido “é quase impossível”

Deputada federal deu entrevista coletiva nesta terça-feira e disse não acreditar no envolvimento dos filhos, mas reiterou que quer justiça caso haja provas

Polícia faz busca e apreensão em endereços de Flordelis./ Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

A deputada federal Flordelis (PSD-RJ) disse não acreditar em uma suposta traição do pastor Anderson do Carmo, marido dela, assassinado no último dia 16. A parlamentar, que também é pastora e cantora gospel, deu entrevista coletiva sobre o caso, na tarde desta terça-feira.

“Quase impossível que meu marido estivesse me traindo, eu não acredito nesta hipótese. Nós não éramos só marido e mulher, éramos amigos, parceiros, tínhamos uma cumplicidade linda. Quando fui eleita ele ia comigo toda semana para Brasília, ficava lá comigo. Quando saía sem mim sempre tinha um filho com ele, que dirigia pra ele. Eu colocaria a mão no fogo por ele”, disse.

Acompanhada de um assessor de imprensa e um advogado, a deputada também reiterou não acreditar no envolvimento dos dois filhos, ambos presos, no assassinato.

“A gente não está no coração das pessoas, mas eu não acredito que sejam eles. Quero que eles sigam o ensinamento que eu dei pra eles, que sejam verdadeiros sempre. Nossa família está sofrendo muito. Mas eu jamais passaria por cima de um erro dos meus filhos. Sempre ensinei que todos os erros têm uma consequência.”

Flordelis disse que ainda não encontrou com Flávio, que, segundo a delegada Bárbara Lomba, assumiu ter dado seis disparos no padrasto. A defesa do filho biológico da deputada, entretanto, afirmou que a confissão não é válida, por não ter sido feita na presença de um advogado.

“Meu maior desejo hoje seria ver meu filho Flávio, que eu ainda não vi, tenho certeza que pra mim ele diria a verdade. Meus filhos nunca tiveram hábito de mentir pra mim. Estou lutando para esse encontro, quero que ele me diga se fez ou não fez.”

Uma das hipóteses apresentadas pela Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí é de que o crime tenha sido motivado por algum desentendimento familiar.

Segundo a deputada, não havia nenhum atrito entre Flávio e Anderson, nem entre os outros filhos, adotivos ou não. “Apesar de ser uma grande família, é como todas as outras. Temos problemas, mas não pra chegar nessa situação de matar alguém. Meu filho estava ajudando meu marido, eles estavam trabalhando juntos. Discutiam muito sobre futebol, esse tipo de atrito que acho que é normal dentro de uma família. Não vejo isso como motivos para matar alguém”.

Fogueira
Flordelis falou sobre a fogueira encontrada pela polícia quando as buscas foram realizadas na casa dela. De acordo com a deputada, os jardineiros haviam retirado capim, nos fundos da casa, e colocado fogo. A deputada afirmou que isso era um procedimento comum para evitar que cobras se escondam entre as folhagens.

“O material do jardineiro estava exposto quando eles chegaram. O que foi queimado era excesso de mato, não foi uma fogueira para queimar provas”, assegurou.

Sobre informações divulgadas na imprensa, de que colocou remédios na comida do marido, Flordelis afirmou que toda medicação que Anderson recebia era receitada e que há exames recentes comprovando que ele tinha problemas cardíacos, que o fizeram, inclusive, ficar internado.

Celulares e arma

A parlamentar também disse que não sabe onde está o aparelho celular dela, nem o do marido. Explicou que muitas pessoas passaram pela casa após o crime e que inclusive alguns objetos sumiram. Flordelis afirmou, ainda, que não pode dar mais detalhes sobre uma pistola encontrada pela polícia no quarto do filho Flávio, porque isso fazia parte do sigilo da investigação.

Vida sem o marido
Emocionada, Flordelis disse que passou boa parte depois do crime tomando remédios para se acalmar. Segundo ela, desde a morte de Anderson, “parece que a ficha ainda não caiu”.

“Tem dias que acordo e parece que ele vai aparecer. Ele brincava de se esconder pela casa e depois aparecer me assustando, então às vezes acho que ele vai aparecer. Não sei como vai ser daqui pra frente sem ele. Anderson era o cara, superinteligente, articulado. Ele fazia tudo pra mim. Está sendo um período muito difícil”, acrescentou.