Forças-tarefas defendem que Bolsonaro escolha a partir de lista tríplice sucessor de Raquel Dodge

Em 2017, Temer quebrou tradição ao escolher segundo colocado em eleição interna

Nomes de Mário Bonsaglia, Luiza Frischeisen e Blal Dalloul vão ser encaminhados à Presidência. Fotos; Divulgação/ANPR

Procuradores de forças-tarefas do Ministério Público Federal (MPF) defenderam, nesta segunda-feira, que o presidente Jair Bolsonaro respeite a lista tríplice e indique um dos escolhidos pela categoria para cargo de procurador-geral da República. O manifesto é endossado pelos integrantes das operações Greenfield, Zelotes e Lava Jato.

Na semana passada, mais de 82% dos membros do MPF escolheram os subprocuradores-gerais Mário Bonsaglia e Luiza Frischeisen, além do procurador regional Blal Dalloul como integrantes da lista tríplice.

Bonsaglia venceu a eleição interna ao computar 478 votos. Procurado pela reportagem, ele preferiu manter a cautela e não gravar entrevista para comentar a futura indicação de Bolsonaro. Contudo, Mário Bonsaglia mostrou-se confiante de que um dos três mais votados seja o escolhido.

Em nota, o MPF reforça que a lista tríplice qualifica a escolha do presidente e promove a independência na atuação da  PGR, “evitando nomeações que restrinjam ou asfixiem investigações e processos que envolvem interesses poderosos”.

Os nomes mais votados foram encaminhados ao presidente Bolsonaro, a quem cabe indicar o sucessor da atual procuradora-geral, Raquel Dodge. Ele não é obrigado a escolher o mais votado, nem um dos integrantes da lista tríplice, embora isso tenha se tornado tradição, desde 2003. O escolhido deve, ainda, passar por uma sabatina na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado (CCJ) e, depois, pela votação em plenário. A nomeação só ocorre depois disso.

Raquel Dodge não concorreu à reeleição, mas pode ser reconduzida ao cargo para mais um mandato de dois anos. O mandato de Dodge termina em setembro, mas já se colocou à disposição de Bolsonaro para ficar. O presidente pode quebrar a tradição de não respeitar a lista tríplice sob a intenção de escolher alguém que considere sem “viés ideológico” e que “não seja de esquerda”.

Tradição já “parcialmente” quebrada

Em junho de 2017, o então presidente Michel Temer quebrou a tradição e não escolheu o mais votado pelo MPF para a PGR. Raquel Dodge, segunda colocada da lista tríplice da eleição interna da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), foi a opção de Temer.

Ela não era alinhada ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Naquela ocasião, o subprocurador-geral da República Nicolao Dino obteve 621 votos contra 587 de Raquel. Agora o mais votado, Mário Bonsaglia ficou em terceiro ao somar 564.