O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou uma carta ao ex-chanceler Celso Amorim na qual defende que seja anulada a condenação dele no caso do trílex do Guarujá (SP) por uma suposta parcialidade do ex-juiz e agora ministro da Justiça Sergio Moro. Para Lula, uma eventual anulação do julgamento não deve ter implicação para “todas as decisões da Lava Jato”. As informações foram divulgadas pelo jornal O Estado de S.Paulo.
O ex-presidente também disse que há “muita gente poderosa, no Brasil e até de outros países” com interesse em impedir ou adiar o julgamento de suspeição pedido pela defesa ao Supremo Tribunal Federal (STF).
O envio e a divulgação da carta ocorrem no mesmo dia em que o STF decidiu adiar o julgamento da suspeição de Moro. O julgamento havia sido colocado em último lugar da pauta de 12 itens a serem apreciados pela Segunda Turma da Corte, uma decisão da ministra Cármen Lúcia. Na sequência, o ministro Gilmar Mendes decidiu não devolver o caso para julgamento. As ações dos ministros devem levar o julgamento para depois do recesso do Judiciário, que vai até a segunda quinzena de agosto.
O ex-presidente utilizou a maior parte da carta para argumentar que Moro, a quem chamou de “inimigo político”, já havia decidido condená-lo “antes mesmo de receber as denúncias dos procuradores”, mencionando episódios que, segundo Lula, reforçaram a tese de atitude parcial do ex-juiz.
De acordo com o Estadão, Lula cita a divulgação dos grampos telefônicos quando a ex-presidente Dilma Rousseff decidiu nomear o petista como ministro da Casa Civil e também a vez em que Moro interrompeu as férias para acionar um desembargador que anulou uma decisão que deu liberdade a Lula.
“Alguns dizem que ao anular meu processo estarão anulando todas as decisões da Lava Jato, o que é uma grande mentira, pois na Justiça cada caso é um caso. Também tentam confundir, dizendo que meu caso só poderia ser julgado depois de uma investigação sobre as mensagens entre Moro e os procuradores que estão sendo reveladas nos últimos dias. Acontece que nós entramos com a ação em novembro do ano passado, muito antes dos jornalistas do Intercept divulgarem essas notícias. Já apresentamos provas suficientes de que o juiz é suspeito e não foi imparcial”, escreveu o ex-presidente.