Alexandre Frota: “o governo é um prato cheio para a esquerda”

Frota também criticou atitudes polarizadas e disse que o momento não é adequado para acirrar ânimos, citando "guerra cultural"

Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil

O deputado federal Alexandre Frota (PSL-SP) afirmou, na manhã desta quinta-feira, que o governo Bolsonaro é “um prato cheio para a esquerda”. Em entrevista para o programa Direto ao Ponto, da Rádio Guaíba, ele se referiu às polêmicas envolvendo a gestão do presidente Jair Bolsonaro. “Todo dia tem um problema, uma situação. Cada hora é um negócio, e o PSL, que é o partido teoricamente do governo, que era pra ir pra lá pra atacar [a oposição], vai pra lá pra defender o governo”, lamentou.

Frota também criticou atitudes polarizadas e disse que o momento não é adequado para acirrar ânimos. Questionado sobre uma possível inversão de ideologias, considerando uma suposta “ideologia de esquerda” no governo PT, disse que, com “algumas atitudes do nosso presidente, se caminha para uma ideologia na outra ponta.” Citou como exemplo a tentativa de impedir a prorrogação do patrocínio da empresa Apex ao programa Cinema do Brasil para inviabilizar a participação do país no Festival de Cannes.

O suposto motivo é que um dos filmes participantes é o longa Marighella (de Wagner Moura, que conta a história de Carlos Marighella, guerrilheiro assassinado durante a Ditadura Militar): “poderia ter penalizado toda a classe do cinema em virtude do filme que uma produtora fez. A O2 (produtora do longa) fez esse filme mas fez outros 150. Esse foi um exemplo claro de uma ideologia que eu também não concordo.”

Além disso, também disparou contra o que chamou de “governo do Olavo de Carvalho.” Disse que “se soubesse que votando no Bolsonaro eu estaria votando no Olavo de Carvalho, eu não teria votado. Não é possível que uma pessoa lá da Virgínia (nos EUA) se transforme num articulador com influência muitas vezes nociva no governo. Eu não compactuo com isso. Esse sistema de ‘fritura’ eu não concordo.”

Ambos trocaram farpas nas redes sociais nos últimos dias: Frota sugeriu que o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC) lance um míssil até a Virgínia, onde o guru mora, e Olavo rebateu com insinuações a respeito do passado artístico do deputado.

Reforma da previdência

Sobre o papel de articulador da base governista junto a Rodrigo Maia, presidente da Câmara, o deputado não negou o afastamento entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da Casa legislativa. Frota mencionou como um dos elementos para o impasse a retirada do sistema de capitalização do relatório da comissão especial da Casa. “Ele esperava que entrasse no relatório, é o ‘xodó’ dele. Daí se excedeu, falou coisas que talvez nem quisesse falar, e acabou que feriu os líderes e o Rodrigo Maia, mas isso está sanado”.

Frota disse que teve conversas pessoais com os deputados e equipe econômica, além do presidente. “Essa página foi virada, vamos começar a construir de novo essa relação”.

“Guerra cultural”

Frota ainda disse achar um erro a “guerra cultural” proposta pelo diretor de teatro Roberto Alvim, novo diretor de Artes Cênicas da Funarte. “Eu acho isso horrível, acho um erro. Já me desgastei muito com Osmar Terra (ministro da Cidadania), e acho que ele não vai permitir isso. Não é hora de jogar gasolina em cima dessa situação. A gente precisa caminhar com tranquilidade, não concordo com jogar gasolina sobre temas que podem incendiar. A gente não tá em guerra, a gente tá atravessando um oceano. Dentro do momento, apesar da polarização, nós não estamos atiçando essa guerra, isso não é bom para ninguém.”

Mais cedo, através das redes sociais, Alvim propôs um chamamento a “artistas conservadores” a fim de criarem “uma máquina de guerra cultural”, para trazer “os valores conservadores no campo da arte.”

Ouça a entrevista completa clicando aqui.