Gustavo Montezano assume chefia do BNDES no lugar de Levy

Economista assume tendo de colocar em prática promessa de campanha de Bolsonaro de abrir o que chama de "caixa-preta" do banco

Foto: Agência Brasil/Arquivo

O economista Gustavo Montezano vai assumir a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no lugar de Joaquim Levy, que pediu demissão nesse domingo depois de ter a “cabeça colocada a prêmio” pelo presidente Jair Bolsonaro.

O novo presidente é mestre em Economia pela Faculdade de Economia e Finanças (IBMEC-RJ) e graduado em Engenharia pelo Instituto Militar de Engenharia (IME-RJ).

Ele assume sob a “pressão” de reformular o papel do banco, que pode concentrar a gestão das privatizações no governo, que ainda quer que a troca no comando do banco reforce o discurso da “despetização”.

Montezano assume tendo de colocar em prática a promessa de campanha de Bolsonaro de abrir o que chama de “caixa-preta” do banco e investigar a responsabilidade pelos financiamentos concedidos, nos governos do PT, a empreiteiras para obras no exterior, em países como Cuba e Venezuela.

Segundo fontes da equipe econômica, com a redução do tamanho do banco na concessão de crédito, o BNDES perdeu a relevância que tinha em governos anteriores para o fomento da economia e, pode assim, assumir também outras funções, como a de gerir privatizações. Além de ter de devolver R$ 126 bilhões até o fim do ano, o banco também pode perder os recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) pela proposta do relator da reforma da Previdência, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP).

Demissão
No sábado, Bolsonaro disse estar “por aqui” com o economista e ameaçou demiti-lo após Levy ter nomeado Marcos Barbosa Pinto – que já tinha trabalhado no banco como assessor em 2005 e 2006, em um governo do PT – para a diretoria de Mercado de Capitais. Após as declarações, Barbosa Pinto pediu demissão.

Bolsonaro e alguns dos aliados mais próximos nunca engoliram a nomeação de Levy. Ele ocupou o posto de secretário de Fazenda no governo de Sérgio Cabral (MDB-RJ) e de ministro da Fazenda no primeiro ano do segundo mandato da ex-presidente Dilma Rousseff. O economista também era secretário do Tesouro do governo Luiz Inácio Lula da Silva e integrou a equipe econômica da gestão de Fernando Henrique Cardoso.

Além de não abrir a “caixa-preta” do BNDES e colocar resistência à devolução dos recursos aos cofres do Tesouro em 2019, Levy era contrário a colocar em prática um plano de demissão voluntária para enxugar o tamanho do BNDES.

Levy é a primeira baixa na equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes. Na semana passada, o presidente demitiu três nomes importantes do alto escalão: os generais Franklimberg Ribeiro de Feitas (da presidência da Funai), Juarez Aparecido de Paulo Cunha (da presidência dos Correios) e Carlos Alberto dos Santos Cruz (ministro Secretaria de Governo).