Com base em dados do Instituto Riograndense do Arroz (Irga), Centro de Estudos Avançados em Pesquisa Aplicada (Cepea) e Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra 2019/2020 continuará com tendência de altos custos de produção. Na avaliação da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), o produtor que colher a média de produtividade de 8 mil quilos por hectare ou menos estará realizando prejuízo e fatalmente perdendo patrimônio, principalmente arrendatários com contratos de elevado valor, sem armazenagem própria, custo financeiro elevado ou que entregam a produção na colheita a preços aviltados e sem segunda cultura.
A entidade, em nota divulgada aos arrozeiros, lamenta que a sustentabilidade da lavoura de arroz no Brasil esteja comprometida pela falta de renda aos produtores. “Os gaúchos construíram um sistema de produção de arroz irrigado com baixa emissão de Dióxido de Carbono (CO2), eficiência do uso da água e uso racional de agroquímicos, mas sem renda não existe sustentabilidade”, alerta.
A recomendação da entidade é de diminuição de área para, no máximo, 900 mil hectares para próxima temporada. Caso isso não ocorra, há forte tendência de preços inferiores aos praticados atualmente, o que não remunera os produtores. A Federarroz salienta que nos últimos anos a lavoura de arroz passou de cultura geradora de renda para transferidora. “O produtor não tem auferido lucro, esse ficando para o sistema financeiro, lojas e fabricantes de insumos e indústria/varejo”, observa.
A entidade argumenta que os custos de produção e principalmente a influência do acordo do Mercosul foram determinantes para o atual quadro. Lembra ainda que o sistema tributário do Rio Grande do Sul agrava esta situação, que onera o setor produtivo, não permitindo o escoamento dos excedentes, criando reserva de mercado e diminuindo a demanda. “Já a parte de tecnologia e extensão rural está comprometida pela constante perda de pesquisadores e indefinição dos rumos do Irga”, conclui o comunicado.