Marcada para esta sexta-feira, a greve geral contra a Reforma da Previdência, apesar de contar com a união de todas as centrais sindicais, encontra certa divisão entre as categorias específicas, como os motoristas e cobradores de ônibus, por exemplo.
A circulação de coletivos em Porto Alegre, que, de acordo com decisão dos rodoviários, deve ser mantida, é determinante para medir o impacto da paralisação. O acesso ao transporte pode ser impactado porque as centrais que convocaram a mobilização prometeram fechar as garagens da Carris e da Sopal, que adentem a bacia Norte da Capital em direção ao Centro Histórico.
Motoristas e cobradores também devem se reunir em assembleia, durante a madrugada, para definir operação-tartaruga em, pelo menos, um corredor de ônibus como forma de protesto. A proposta é de conduzir os coletivos a 30 km/h, metade da velocidade permitida.
O presidente do Sindicato dos Rodoviários de Porto Alegre, Adair Silva, disse que os funcionários das empresas estão tratando a manifestação com parcimônia, pois há receio de corte de ponto e demissões. “Com essa proposta do prefeito em retirar os cobradores dos coletivos, os trabalhadores estão com receio de aderir a uma greve geral”, explicou.
Apesar da posição oficial da categoria, grupos de rodoviários defendem a paralisação. A Carris afirmou ter um plano de contingência. A empresa vai aguardar orientações dos órgãos de Segurança Pública, mas mantém a previsão de operação conforme a tabela normal de circulação. A Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP) também informou que os carros das empresas estarão prontos para circularem normalmente.
O funcionamento dos ônibus está diretamente ligado ao impacto em outros setores, entre eles serviços essenciais, como o dos postos de saúde.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), existe um sentimento de apreensão sobre se vai ser possível ou não manter o mínimo de atendimento necessário. A pasta ainda estuda uma maneira de viabilizar alguma forma de transporte alternativo para fazer com que os trabalhadores dos serviços de urgência e emergência pudessem se deslocar no caso de um impacto considerável no transporte coletivo.
O Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa) afirmou que o funcionamento necessário de áreas como a Saúde e o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) vai ser respeitado.
A adesão do Simpa à greve se definiu em assembleia da categoria. De acordo com o diretor-geral Alberto Terres, o Sindicato vem conversando com a categoria municipária, nos locais de trabalho, para que a participação na greve seja ampla, mas não há uma previsão de impacto nos serviços.
À exceção dos essenciais, a recomendação é de que a paralisação seja total. Escolas municipais, por exemplo, devem parar na sexta. Na Educação estadual, a previsão é a mesma. O Cpers/Sindicato orientou que todos os educadores do Estado contatem os núcleos para aderirem as atividades que serão realizadas contra a Reforma da Previdência.
Na Capital, um ato ocorre às 18h, na Esquina Democrática. No Ensino Superior, os sindicatos dos docentes da Ufrgs IFRS (Andes Ufrgs, SindoIF Andes e Adufrgs) e o Sindicato dos Técnico-Administrativos em Educação (Assufrgs) informaram ter aderido à greve.
A categoria dos metroviários definiu adesão à paralisação há cerca de um mês em assembleia do Sindimetrô RS, e que, por essa razão, os trens não vão circular. No fim da tarde dessa quarta, a Trensurb entrou com um pedido de abusividade da greve junto ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT) para que o serviço seja mantido durante a sexta. A direção da empresa tinha reunião agendada no TRT, nesta quinta para, tratar do assunto e ainda confirmou a tomada de medidas administrativas para garantir o funcionamento do transporte.
Já o Sindicato dos Aeroviários de Porto Alegre informou que a recomendação era de adesão à greve e às atividades propostas pelas centrais sindicais, embora não tenham sido programadas manifestações para o Porto Alegre Airport–Aeroporto Salgado Filho, que deve ter funcionamento normal. De acordo com o diretor de Comunicação do Sindicato, Osvaldo Rodrigues, a única expectativa é de que as manifestações nas ruas possam vir a impactar em pousos e decolagens.
O Sindbancários convocou a categoria para aderir à paralisação. A expectativa é de que não haja atendimento em agências de bancos públicos, como a Caixa e o Banco do Brasil. “Sexta-feira é greve geral contra a Reforma da Previdência, nós bancários e bancárias temos o compromisso, pelo nosso futuro e das próximas gerações, de derrotar essa proposta que visa acabar com nosso direito de se aposentar”, afirmou o presidente Everton Gimenis em comunicado. O Banrisul informou somente que “está tomando as medidas de rotina” com relação à mobilização. A Caixa Econômica Federal comunicou que espera determinação geral da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
No comércio, a greve não deve ter impacto, já que o Sindilojas Porto Alegre orientou que os comerciantes da Capital e de Alvorada abram normalmente nesta sexta, confiando que as autoridades terão competência para manter a mobilidade pública, a manutenção da ordem e a segurança dos trabalhadores. “O Sindilojas Porto Alegre manifesta sua posição contrária à paralisação prevista para sexta-feira. A entidade entende e respeita o direito a manifestações, desde que pacíficas e que não interfiram no direito de ir e vir daquelas pessoas que não queiram aderir”, informou em nota.