Governadores definem condições para apoiar reforma da Previdência

Chefes estaduais de governo querem exclusão de pontos relativos à previdência rural, ao Benefício de Prestação Continuada, à desconstitucionalização e à criação de um regime de capitalização do benefício

Foto: José Cruz/Agência Brasil

Os 25 chefes de governos estaduais que participaram, hoje, da 5ª Reunião do Fórum de Governadores condicionaram o apoio à reforma da Previdência à exclusão, no texto final da matéria, dos pontos relativos à previdência rural, ao Benefício de Prestação Continuada (BPC), à desconstitucionalização e à criação de um regime de capitalização do benefício.

Alguns governadores disseram que o apoio depende ainda da inclusão de pontos relativos à redução, de 60 para 55 anos, da idade mínima para a aposentadoria de professoras e da eliminação de alguns privilégios dados a policiais militares.

Na avaliação do governador de São Paulo, João Doria, a reunião foi positiva. Ele disse que houve “gestos de boa vontade e entendimento” por parte do relator da reforma da Previdência na Câmara, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP).

Doria também reforçou que a manutenção de estados e municípios na reforma é ponto de consenso entre os governadores. “Não houve nenhuma manifestação contrária à inclusão [desses entes federativos], mas não basta dizer ser favorável se não transformarmos isso em votos nas bancadas”, disse o governador paulista.

De acordo com o governador do Distrito Federal (DF), Ibaneis Rocha, a ideia é de que haja transição para professoras que já tenham alguns requisitos da aposentaria formulados, reduzindo de 60 para 55 anos a idade mínima dessa parcela da população.

Com relação à aposentadoria de policiais militares, Ibaneis disse que a proposta dos governadores é a de “eliminar privilégios”. “Hoje temos policiais militares se aposentando com 45 anos, o que torna [a Previdência] inviável, porque pagamos muito mais a aposentados e pensionistas do que para quem está na ativa.”

O governador do DF disse que, mesmo que haja uma transição, a ideia é aumentar a idade para a aposentadoria de policiais militares, agentes penitenciários e do Corpo de Bombeiros. Durante a reunião, alguns governadores sugeriram uma espécie de “válvula de escape”, para o caso daqueles que não queiram adotar as regras relativas a essas três categorias.

Os governadores vão aguardar a reunião de bancadas, a proposta do relator e o encaminhamento para confirmar que as sugestões por eles apresentadas serão consolidadas pelo relator da matéria.

Oposição
O governador do Piauí, Wellington Dias, também avaliou positivamente a reunião e antecipou que espera apoio de parlamentares do PT, caso todos os pontos defendidos pelos governadores sejam acatados pelo relator. Para o governador, o encontro de hoje foi diferente de outros porque teve avanços e se conseguiu “retirar o bode da sala”.

“Tivemos pela primeira vez posição firme de o relator retirar a parte relativa a BPC, trabalhadores rurais e, pela primeira vez, a possibilidade de retirar a parte relacionada à redação que ficou sobre capitalização, que coloca o benefício a critério do que seria a regra de mercado e passa ter uma regra que já é da cultura brasileira, que é a da partilha, onde é feita a aplicação, mas com o objetivo de atingir um benefício definido”, completou. Ele defendeu ainda outras medidas para aumentar as fontes de arrecadação.

Dos 27 governadores, 25 participaram da reunião, que contou com a participação do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ); do presidente da Comissão Especial da Reforma da Previdência, Marcelo Ramos (PL-AM); do relator do projeto, Samuel Moreira (PSDB-SP); e do secretario especial de Previdência e Trabalho, do Ministério da Economia, Rogério Marinho.

Os únicos estados que não foram representados pelos governadores foram o Amazonas e o Maranhão. O próximo encontro de governadores ocorre em 6 de agosto.