Indicação de Moro ao STF fica prejudicada após reportagens do The Intercept, considera Marco Aurélio

“É inapropriado conversar fora do processo”, critica ministro sobre ligação do então juiz Sérgio Moro com procuradores da Lava Jato

Ministro do STF, Marco Aurélio Mello. Foto: Nelson Jr./SCO/STF

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello, considera que a imagem do ministro da Justiça, Sérgio Moro, saiu prejudicada após as reportagens publicadas pelo site The Intercept, revelando atuações direcionadas pelo Poder Judiciário no âmbito da Lava Jato. “O juiz fala no processo. O diálogo mantido com as partes é no processo, estritamente no processo. É inapropriado conversar fora do processo. Triste para o país”, salienta Marco Aurélio. A advertência ocorre em função das indicações dadas pelo então magistrado aos investigadores da força-tarefa. O ministro concedeu entrevista nesta segunda-feira ao programa Esfera Pública, da Rádio Guaíba.

Para Maro Aurélio, a possível indicação de Moro para uma das vagas no Supremo também passa a ser alvo de questionamentos em função do teor das reportagens. “Quem fica com a imagem prejudicada é o próprio juiz Moro. Que, segundo disse o presidente da República, teria deixado a cadeira de juiz para mais tarde ir para o Supremo. Como desta forma? Ele ficará na vitrine e estará sujeito ao estilingue. É péssimo para ele próprio como candidato (ao STF)”, disse o ministro da Suprema Corte.

O presidente Jair Bolsonaro já informou que vai indicar Sérgio Moro para o STF. A próxima vaga no Supremo deve ser aberta quando o decano Celso de Mello, vai se aposentar ao 75 anos, em dezembro de 2020.

Ao analisar as primeiras reportagens, o ministro preferiu manter-se cauteloso sobre a possibilidade de anulação dos processos em função do vazamento de diálogos entre Moro e os procuradores. “É muito cedo para fazermos especulações, mas o desdobramento é a suspeição para atuar com imparcialidade”, reforça.

Por fim, Marco Aurélio Mello criticou a posição do Supremo, que vem retardando um novo julgamento sobre prisões após condenação em segunda instância. “Tarda o exame deste tema”, ressalta.