“Não há perigo representativo para a Terra”, diz pesquisador de meteoros e asteroides

Como se fosse uma "bola de fogo", meteoro foi visualizado em mais de 30 cidades do Estado durante 13 segundos

Foto: Reprodução / CP

Chamado de bólido, por ser um meteoro grande e luminoso, a “bola de fogo” que atingiu o Rio Grande do Sul viajou da Argentina ao Brasil por 13,5 segundos, a 50 mil km/h. A trajetória do corpo celeste, que começou na cidade de 25 de Mayo, foi visualizada em cidades como Santo Ângelo, Cruz Alta, Estrela e Quaraí. O ingresso do meteoro na atmosfera da Terra, fenômeno astronômico comum, não é motivo para pânico.

Pesquisador do Departamento de Astronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), José Eduardo Costa ressalta que a Terra está envolvida de pequenos meteoros ou meteoroides. “Eles não podem ser detectados pelos sistemas de monitoramento, mas podemos garantir que não representam risco para as cidades e populações. Já os grandes objetos, esses podem ser detectados, mas até o momento não há nenhuma previsão de que um grande asteroide possa colidir contra o nosso planeta. Não há perigo representativo para a Terra”, sustenta.

No início da manhã desta sexta-feira, a Brazilian Meteor Observation Network (BRAMON), entidade focada no estudo e na observação de meteoros e bólidos, confirmou que o fenômeno registrado na noite dessa quinta-feira tratava-se de um meteoro – ou bólido. A entidade também sugere, em nota, que não existem indícios de que grandes fenômenos possam ocorrer na esfera terrestre.

Diretor técnico da entidade, o astrônomo amador Marcelo Zurita destaca que mesmo sendo “assustador”, o fenômeno é comum e não há registro na história atual de que pessoas que tenham morrido atingidas por meteoritos. Mesmo assim, segundo ele, é necessário investir mais na observação astronômica. No Brasil, apenas dois observatórios são dedicados ao estudo com visualização e coleta de dados desses objetos. É o caso dos observatórios Oca, localizado em Bilac, São Paulo, e Sonear, que fica em Oliveira, Minas Gerais.

Em 2013, o meteoro de Cheliabinsk caiu na Rússia causando ferimentos em mais de mil pessoas por estilhaços de vidro. O asteroide Chelyabinski pertence à categoria mediana de com risco de impacto, segundo os astrofísicos, causando danos localmente. “Atualmente temos o sistema de informações da Nasa, criado durante a Guerra Fria, que capta somente impactos maiores. O caso de Cheliabinsk, por exemplo, não foi detectado”, diz Zurita. “O problema é que ficamos sabendo quando eles já não existem mais, ou seja, quando já atingiram a terra”, complementa.

Impacto e susto

Durante o evento observado na noite dessa quinta, alguns moradores chegaram a relatar tremores de terra, no entanto, trata-se de um “choque de ar” de acordo com Zurita. “É como se tivesse passado um avião supersônico, que viaja acima da velocidade do som. Não ocorreu terremoto, mas os objetos em voltam é que tremeram”, sustenta.

O fenômeno se explica porque, mesmo se fragmentando ao atingir a órbita terrestre, o bólido viajava a 50 mil km/h. Nos vídeos divulgados nas redes sociais, é possível perceber o corpo celeste como um forte clarão. Em segundos, a “bola de fogo” se fragmenta em partes menores e some no céu.

Entre os municípios que tiveram registros, segundo a MetSul, estão Santo Ângelo, Cruz Alta, Estrela, Quarai, Soledade, Terra de Areia, Caxias do Sul, Erechim, Almirante Tamandaré do Sul, Alegrete, Guaíba, Tapera, Canoas, Ijuí, Manoel Viana, Tupanciretã, Passo Fundo, Venâncio Aires, Sapucaia do Sul, Pejuçara e Marau.