Em uma nota divulgada na manhã desta sexta-feira, o Banco Central sustentou que não há um planejamento para a criação de um moeda única entre Brasil e Argentina, contrariando o presidente Jair Bolsonaro, que, nessa quinta, afirmou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, deu “o primeiro passo para um sonho de uma moeda única na região do Mercosul, o peso real”.
“O Banco Central do Brasil não tem projetos ou estudos em andamento para uma união monetária com a Argentina. Há tão somente, como é natural na relação entre parceiros, diálogos sobre estabilidade macroeconômica, bem como debates acerca de redução de riscos e vulnerabilidades e fortalecimento institucional”, garantiu a instituição.
O ministro das Finanças da Argentina, Nicolás Dujovne, esclareceu que “não há prazos concretos” para avançar e que este é um projeto de longo prazo. Em entrevista à Rádio Mitre, ele explicou que “Argentina e Brasil têm que se integrar mais e abrir mais suas economias entre si e para com o mundo. Dujovne ainda explicou que a intenção de convergir para uma moeda comum seria uma forma de promover maior estabilidade e comércio entre os dois países. O dirigente, no entanto, esclarecer que por enquanto a iniciativa não passa de uma “ideia”.
“Temos conversado sobre isso com meu colega brasileiro, Paulo Guedes, há algum tempo, e por enquanto é uma ideia que compartilhamos. Dependemos muito das nossas exportações de commodities e nossas moedas se movimentam com uma correlação com os eventos internacionais. Ter mais estabilidade levaria a mais comércio, mais crescimento e menor inflação”, argumento o ministro argentino.
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticou a ideia pelo Twitter e fez uma série de questionamentos. “Será? Dólar valendo R$ 6,00? Inflação voltando? Espero que não”, disse o deputado.
O Mercosul nasceu em 1991 com a ideia de ter uma moeda comum, mas a falta de coordenação macroeconômica entre as duas economias impediu a convergência Em 1997, Fabio Giambiagi, membro do Conselho Superior de Economia da Fiesp e economista do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), apresentou uma proposta de cronograma em favor da integração monetária entre Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e, eventualmente, também de outros países interessados. Pelos planos, a medida deveria ser anunciada em 2002 e entrar em vigência em 2012.