“Estamos falando, mas não estamos sendo ouvidos”, afirma diretor do Museu Nacional sobre relação com MEC

O Museu Nacional foi destruído por um incêndio em 2 de setembro de 2018

Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

“Estamos falando, tentando, mas não estamos sendo ouvidos.” Foi assim que o diretor do Museu Nacional do Rio de Janeiro, Alexander Kellner, classificou a relação da instituição com o atual Ministério da Educação (MEC). O Museu Nacional, que contava com acervo de mais de 20 milhões de itens catalogados, foi destruído por um incêndio em 2 de setembro de 2018.

“Nós temos, graças à gestão anterior do MEC, ainda no governo Temer, R$ 16 milhões em verbas emergenciais. Mas agora estamos tendo uma enorme dificuldade de conseguir contato com o governo”, disse o diretor. Desse total apontado, R$ 10 milhões foram usados para dar suporte à estrutura restante, e os demais R$ 6 milhões para projetos de restauro. No total, a área que necessita de restauro é de mais de 12 mil metros, e até agora cerca de 92% do trabalho imediato de remediação estrutural está pronto.

Kellner ainda afirmou que “um país deixar seu patrimônio cultural na situação como está, há décadas está em péssimas condições, e agora ainda mais é muito triste”. Ele se refere ao pouco interesse por parte do poder público e privado no restauro do museu. “Durante a campanha, nenhum candidato veio até aqui. Nada. Nós apelamos para que venham aqui ver a nossa situação, in loco”, desabafou o diretor.

Mas nem tudo são dores pelos lados da Quinta da Boa Vista: conforme Kellner, cerca de 2,7 mil lotes já foram resgatados. Entretanto, a partir de agora, o trabalho está estagnado, já que a retirada do material restante depende de obras maiores na estrutura. “Nós temos total capacidade de iniciar essa obra maior neste ano; se não sair, vai ser por incompetência de alguém”, denunciou. Além disso, comemorou que cerca de R$ 55 milhões já estão garantidos através de emendas parlamentares impositivas.

O custo total para restaurar o Museu Nacional, contudo, ainda é desconhecido. O caso foi recentemente comparado ao incêndio da Catedral de Notre Dame, em Paris, quando diversos empresários franceses imediatamente se dispuseram a doar valores para a reconstrução do edifício. No caso brasileiro, Kellner foi enfático: “nós recebemos 180 mil euros da Alemanha, o que ajudou muito no primeiro momento. Mas daqui, nada”, lamentou.

Por fim, ressaltou que “seria uma chance de ouro que é de devolver o Museu Nacional aos brasileiros”, e voltou a pedir a atenção do MEC para o Museu. A expectativa é de que as obras iniciais sejam encerradas até o final do mês que vem, o que vai possibilitar dar andamento ao resgate de peças.