Guedes defende capitalização ao encerrar audiência pública

Comissão especial reuniu-se por mais de oito horas, nessa quarta

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O ministro da Economia, Paulo Guedes, encerrou a audiência pública da comissão especial que discute a reforma da Previdência realizada nessa quarta-feira com uma defesa enfática do sistema de capitalização (poupança individual para cada trabalhador). Na conclusão de mais de oito horas de reunião, ele declarou que a capitalização para benefícios maiores que um salário mínimo amplia a inclusão financeira das camadas mais pobres.

“Queremos garantir que os pobres tenham sua poupança também e apliquem nos juros de mercado. Estamos fazendo isso com esse espírito”, disse o ministro ao fim de mais de oito horas de audiência.

A primeira audiência pública da comissão especial que discute o mérito da reforma da Previdência ouviu, além do ministro Paulo Guedes, o secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho. Ao todo, a comissão vai ter 11 sessões para promover audiências públicas com cerca de 60 convidados a falar.

Guedes rebateu o argumento de que a capitalização vá fazer os empresários substituir os trabalhadores atuais por empregados mais jovens, que entrarão no mercado de trabalho com a opção de escolherem entre o sistema atual de repartição – em que o trabalhador da ativa financia os benefícios de quem se aposentou – e o regime de poupança individual. Isso porque, segundo o ministro, a opção só vai entrar em vigor para os futuros trabalhadores.

“Nenhum empresário vai trocar um empregado experiente por um jovem sem experiência nenhuma. O que estou fazendo é dar a oportunidade a esse jovem que hoje deixa de ter um emprego formal [com carteira assinada] por causa dos encargos trabalhistas”, disse Guedes. O ministro lembrou que, em nenhum momento, pretende extinguir o regime de repartição.

Responsabilidade do Congresso
O ministro reiterou que cabe ao Congresso decidir se adota o sistema de capitalização. Segundo ele, caso a proposta atual seja desidratada, e a economia com a reforma da Previdência fique inferior a R$ 1 trilhão, o governo abre mão de lançar o sistema de capitalização.

De acordo com Guedes, a resistência em conter os gastos públicos se tornou a principal causa da queda da taxa de crescimento nas últimas décadas no País. “Vimos a taxa de crescimento cair de 7,5% ao ano há 40 anos para 5% durante o período militar, 2% depois, até chegar a 0,5% ao ano hoje. A expansão descontrolada de gastos corrompeu a política e estagnou a economia”, disse.

Sem citar fontes, o ministro criticou comerciais de entidades de servidores públicos com críticas à reforma. Segundo ele, os opositores gastaram cerca de R$ 100 milhões com publicidade contrária. “Os corporativistas estão gastando três vezes mais do que o governo com publicidade”.

Confusões
Nas duas horas finais de audiência, o presidente da comissão especial, deputado Marcelo Ramos (PR-AM), deixou todos os parlamentares inscritos fazerem perguntas, com o ministro apenas respondendo ao final da sessão. Em três momentos, houve princípio de confusão, mas os ânimos foram contidos após a atuação de Ramos.