Entidades da segurança pública criticam reforma da Previdência

Reunião antecede paralisação das categorias no país dia 13

Reunião ocorreu na Casa do Gaúcho, em Porto Alegre | Foto: Álvaro Grohmann / CP

As entidades de classe da segurança pública gaúcha realizam na manhã desta terça-feira assembleia unificada com o objetivo de debater a proposta de reforma previdenciária do governo federal. A reunião, que ocorre na Casa do Gaúcho, no Parque da Harmonia, em Porto Alegre antecede à paralisação das categorias em todo o país no próximo dia 13 e à mobilização em Brasília organizada pela União dos Policiais do Brasil (UPB) para o dia 21 deste mês. Uma caminhada poderá ser realizada até a frente do Palácio Piratini.

Isaac Ortiz, presidente da Ugeirm Sindicato que representa os policiais civis, lembrou que o presidente Jair Bolsonaro elegeu-se com “um discurso que cuidaria da segurança pública” e agora “recebemos uma apunhalada pelas costas”. Ele considerou ainda que o tratamento dado aos militares foi “muito compreensivo” por parte do governo. “Vamos lutar para que essa reforma da previdência não passe e nos prejudique”, assegurou.

O dirigente afirmou que outra preocupação é com a proposta de capitalização. “Isso é desastroso para todos nós e à população em geral”, avaliou. Isaac Ortiz criticou também a ideia de estender a idade mínima de aposentadoria dos policiais quando, ao mesmo tempo, a “criminalidade está cada vez mais jovem”. O presidente da Ugeirm Sindicato ressaltou que a profissão é estressante por sua peculiaridade e afeta o agente no “final da vida com doenças silenciosas”, citando como exemplo a depressão. “É muito comum os policiais não durarem muito depois da aposentadoria”, constatou. “O governo não levou nada em conta disso. Ele não percebeu que está lidando com uma categoria que arrisca a vida todos os dias”, lamentou.

Já o presidente do Sindicato dos Policiais Federais do Rio Grande do Sul (SINPEF/RS), Julio Cesar Nunes dos Santos, entende que as próximas semanas serão decisivas. “Ficamos surpresos com a diferenciação feita com os militares pois esses se preparam para a guerra enquanto o policial vive em guerra”, observou. “Queremos justiça e equiparação. Os policiais não podem ficar de fora”, enfatizou. “O crime não envelhece, mas o policial sim”, concordou, referindo-se à mudança na idade de aposentadoria do servidor da área de segurança pública.

Para o presidente do Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais no Estado do Rio Grande do Sul (SINPRF), Maicon Nachtigall, a proposta de reforma previdenciária do governo vai “prejudicar a sociedade de uma maneira geral e comprometendo a segurança pública no país”. Segundo ele, o estabelecimento de idade mínima e aumento do tempo de trabalho vão comprometer a atividade policial. “Não se trata de nenhum privilégio. É inconcebível imaginarmos policiais com 60 anos trabalhando nas ruas diante de uma criminalidade viril, jovem, cada vez mais organizada e armada”, advertiu. O dirigente frisou também que a atividade é estressante. “O tempo de atividade policial é muito superior às de outras categorias, com condições de trabalho desiguais”, concluiu.

Presidindo o Sinpol, representativo também dos policiais civis, Emerson Ayres acredita que a reforma previdenciária do governo “ataca direitos e garantias que foram conquistadas através de muita luta e pelo reconhecimento de uma atividade que coloca a vida do policial em riscos nas 24 horas do dia”. Conforme o dirigente, o governo elegeu-se pela pauta da segurança pública, mas “a retirada dos direitos dos servidores foi a única medida” anunciada até o momento.