O Hospital Centenário, de São Leopoldo, vai restringir ainda mais os serviços a partir de segunda-feira, por um período inicial de 90 dias. A Prefeitura anunciou a medida nesta quinta-feira.
A casa de saúde, que busca ampliar os repasses estaduais desde 2017, decidiu cancelar os procedimentos eletivos (não-urgentes), como cirurgias e exames, reduzir o número de leitos (operando apenas com os regulamentados – e não com os extras) e fechar uma clínica médica.
Além disso, de acordo com o prefeito Ary Vanazzi, apenas moradores de São Leopoldo, incluindo crianças e gestantes, terão garantia de atendimento de urgência e emergência.
Conforme a Prefeitura, o custo mensal da casa de saúde é de R$ 9 milhões, sendo que a instituição recebe apenas R$ 255 mil do governo estadual e R$ 2,3 milhões da União. O restante é bancado pelo Município ou vira dívida com funcionários e fornecedores.
Os serviços eletivos, que já haviam sido suspensos para moradores de outras cidades, também não funcionarão para os pacientes de São Leopoldo. Segundo a presidente da Fundação Hospital Centenário, Lilian Silva, deixarão de ser feitas 600 cirurgias e cerca de 250 novas consultas no período de 90 dias, a título de readequação.
A UTI adulto passa de dez para seis leitos, e a UTI Neonatal vai contar com oito, em vez de dez. “Vamos deixar de desembolsar R$ 2 milhões nesse período, mas não se trata de uma economia, mas sim de reequilíbrio financeiro, já que serão amenizados os gastos de diárias de UTI, de horas extras dos profissionais e até de insumos e exames”, explica.
O secretário municipal de Saúde, Ricardo Charão, reforça que os serviços eletivos serão concentrados nas unidades básicas dos bairros, nos Centros de Saúde 24 horas e na UPA Zona Norte e que, se necessário, pacientes serão encaminhados a outros lugares.
Segundo a Prefeitura, a dívida total do Estado chega a R$ 44 milhões. Na próxima semana, Vanazzi vai assinar um decreto de emergência, a fim de garantir as condições mínimas de funcionamento de serviços de saúde.
Estado rebate pendências com o Centenário
Em nota, o governo estadual reitera que a secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, recebeu por mais de uma vez, o prefeito de São Leopoldo e outros gestores locais para tratar do impasse, e informou que o Estado não dispõe de recursos novos para o Cenentário.
Salienta, ainda, que a orçamentação é uma medida tomada ainda em 2013, durante o governo de Tarso Genro (PT) e que definiu por critérios da época destinar valores complementares para alguns hospitais, sendo que, por isso, São Leopoldo recebe, desde então, valor menor.
Segundo a nota, não há pendências financeiras com o Centenário, já que os valores são sequestrados dos cofres estaduais mediante medida judicial.
A Pasta também reforça que São Leopoldo é um município de Gestão Plena na saúde e recebe repasses do governo federal referentes ao teto MAC (Média e Alta Complexidade) e que o Estado já se colocou à disposição para buscar, em Brasília, o aumento desse serviço.