Caracas: líder da oposição venezuelana se abrigou na embaixada do Chile

Pela manhã, Leopoldo López saiu de casa, onde cumpria prisão domiciliar desde fevereiro de 2014

Líder oposicionista venezuelano Leopoldo López. Foto: Twitter/Leopoldo López

Horas após sair de casa, onde cumpria prisão domiciliar desde fevereiro de 2014, para se juntar às manifestações contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro, o líder oposicionista venezuelano Leopoldo López se abrigou na embaixada do Chile, em Caracas.

Segundo o ministro das Relações Exteriores do Chile, Roberto Ampuero, López, a esposa dele, Lilian Tintori, e a filha do casal estão na embaixada chilena na condição de “hóspedes”. Em mensagem postada no Twitter, Ampuero não explica se López pediu asilo ou refúgio, mas reafirma o que classifica como o compromisso do Chile com “os democratas” da Venezuela.

A informação de que López buscou abrigo na embaixada tinha sido divulgada poucos instantes antes, pelo embaixador da Venezuela na ONU, Samuel Moncada. Em pronunciamento a jornalistas, Moncada disse que isso é um indício do fracasso da tentativa da oposição de tomar o poder do presidente Nicolás Maduro. A embaixada fica a menos de dez quilômetros de distância do Palácio de Miraflores, sede do governo venezuelano.

Mais cedo, milhares de venezuelanos contrários e favoráveis a Maduro tomaram as ruas da capital, Caracas, e de outras cidades do país. De um lado, eles responderam às convocações do presidente eleito Nicolás Maduro. De outro, ao chamado do presidente da Assembleia Nacional, o deputado venezuelano e autodeclarado presidente interino Juan Guaidó.

Enquanto Guaidó afirmou ter obtido o apoio de oficiais das Forças Armadas para tirar Maduro do poder e conclamou a população a sair às ruas para se manifestar contra o governo e livrar o país do que classifica como “a usurpação” do poder pelo grupo do líder chavista, Maduro e os principais ministros garantem que a maioria dos oficiais das Forças Armadas seguem fiéis ao governo, “protegendo a Constituição” do que chama de tentativa de golpe de Estado.

Guaidó se manifestou ao lado de Leopoldo López, a quem o autodeclarado presidente concedeu “indulto presidencial”. Acusado pelas autoridades venezuelanas de “incitamento à desordem pública, associação criminosa, atentados à propriedade e incêndio”, na sequência das manifestações contrárias à política do presidente Nicolás Maduro, em 2014, López recebeu pena de 13 anos e nove meses de prisão domiciliar em setembro de 2015.

Ainda durante o pronunciamento a jornalistas, o embaixador venezuelano na ONU, Samuel Moncada, garantiu que a ação deflagrada por Guaidó por volta das 6h de hoje está sendo debelada. Para Moncada, apesar do potencial conflitivo da situação, os protestos não alcançaram outro efeito além de deixar pessoas feridas, e disse que não há, até o momento, registro de mortes.