Joice Hasselmann: distorções da mídia impedem que Bolsonaro aja como “garoto propaganda” da reforma

“Se ele conjugar um verbo errado, vira manchete de jornal”, criticou, em Porto Alegre, a líder do governo no Congresso

Joice Hasselmann. Foto: Rosi Boni/Federasul

A líder do governo no Congresso Nacional, deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP), reforçou coro para que o presidente Jair Bolsonaro encampe, de vez, a defesa da reforma da Previdência, como uma espécie de ‘garoto propaganda’. Em Porto Alegre, onde participou de uma reunião-almoço, na Federasul, ela argumentou, que isso não só não ocorre porque a mídia distorce o que Bolsonaro fala. “Quando o presidente abre a boca, vira confusão”, declarou.

“Eu digo e repito: o presidente pelo tamanho que tem, qualquer coisa que ele diga vira manchete de jornal. Se ele conjugar um verbo errado, vira manchete de jornal. Se ele fizer um tuíte, vira manchete de jornal”, analisou.

Joice também afirmou serem falsas as informações de que o Planalto ofereceu R$ 40 milhões em emendas, durante o mandato, para convencer deputados a votarem a favor da reforma. Líderes de partidos do chamado Centrão disseram à imprensa que a oferta desse valor, que eleva em 65% o manejo do Orçamento pelos congressistas, partiu do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.

“Isso é uma bobagem sem tamanho. Eu fico imaginando de onde sai tanta besteira. Isso deve ter sido coisa plantada pela oposição para tentar gerar desgaste entre os líderes e o governo. Alguém plantou essa bobagem sem tamanho, de R$ 40 milhões. Isso é uma mentira deslavada”, disparou.

A deputada reconheceu, contudo, que a liberação de emendas pode servir de barganha, embora assegure que a prática não vem sendo realizada. “Neste governo, não existe barganha. Com coisa nenhuma”, reforçou.

Joice ainda comentou o pedido de impeachment contra o vice-presidente Hamilton Mourão, que acabou sendo arquivado, durante a semana, pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM). O pedido de afastamento partiu do deputado federal Marco Feliciano (Podemos), sem anuência dela.

“Ele é meu vice-líder e eu conversei com ele a respeito porque fiquei sabendo pelos jornais. Ele não me consultou para fazer esse pedido. Eu não sou contra nem a favor, mas ele tem direito a fazer. Eu particularmente não faria, porque é um desgaste desnecessário. Ele está zangado com o vice, o que também é da democracia, mas não ajuda em nada”, considerou.

A deputada também analisou as baixas no primeiro escalão e defendeu a manutenção da equipe que Bolsonaro formou. “Eu espero que todos os ministros possam realmente desempenhar um bom papel e que o presidente não precise trocar (mais) nenhum. Mas, se ele quiser trocar, ele pode”, disse.

Sobre as críticas de que o presidente vem comprando brigas desnecessárias e deixando de lado o crescimento da economia e a geração de empregos, Joice Hasselmann rebateu. “Eu sou da liberdade, se o presidente faz um tuíte ou não faz, ele pode fazer o que bem quiser e o que bem entender. Mas é claro que, para cada ação, existe uma reação. Ele é bem adulto. Pronto, acabou. Não serei eu que vou aqui cercear a liberdade do presidente”, completou.

Neste sábado, a deputada participa do “Seminário LIDE Gramado 2019”, discutindo os caminhos para o desenvolvimento do Brasil, ao lado de lideranças políticas e empresários gaúchos.