Após cinco horas de reunião com governo, caminhoneiros desistem de paralisação

Cerca de 30 representantes de 11 entidades de classe, além de um grupo de caminhoneiros autônomos, participaram de encontro, em Brasília

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Representantes dos caminhoneiros disseram nesta segunda-feira, após uma reunião com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, que não vai haver paralisação da categoria, a partir da próxima segunda. Durante a reunião, que durou quase cinco horas, o ministro prometeu reajustar a planilha da tabela do piso mínimo de frete, umas das principais reivindicações da categoria. O ministro disse ainda que vai intensificar a fiscalização do cumprimento da tabela de frete mínimo, com a participação dos caminhoneiros, e atrelar o reajuste da tabela ao preço do diesel.

“Eu acho que nós conseguimos administrar essa condição de momento e não deve haver paralisação de caminhoneiros neste momento. A representação dos caminhoneiros está conseguindo conversar com o governo”, disse o presidente da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), Diumar Bueno.

Cerca de 30 representantes de 11 entidades de classe, além de um grupo de caminhoneiros autônomos, participaram da reunião. A proposta apresentada pelo ministério prevê que os próprios caminhoneiros ajudem a realizar a fiscalização da tabele de frete. Ainda esta semana, o ministro e o presidente da CNTA devem assinar um termo formalizando o procedimento.

De acordo com um dos líderes da categoria, Wanderlei Alves, conhecido como Dedeco, as reclamações relacionadas ao descumprimento da tabela serão encaminhadas pela confederação ao ministério, que se compromete a repassá-las à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). O ministério também se comprometeu, conforme o dirigente, a retirar multas de motoristas que denunciarem embarcadores que não vêm pagando o piso mínimo.

Mais cedo, antes da reunião, os caminhoneiros acenaram com a suspensão da paralisação em caso de contraproposta do governo sobre as principais reivindicações. De acordo com Dedeco, o governo também prometeu adotar outro procedimento solicitado pelos caminhoneiros, que está previsto na legislação que estabeleceu o piso mínimo de frete, que é o acionamento de um “gatilho” na tabela para acompanhar os reajustes no preço do diesel.

Pela proposta, a planilha da tabela de piso mínimo vai sofrer um reajuste toda vez que o percentual de aumento no diesel ultrapassar os 10%. O governo ficou de calcular de quanto vai ser esse reajuste. “É o gatilho que já existia e que precisava ser colocado em prática para que o aumento do diesel não prejudique a categoria”, disse Dedeco.

Na semana passada diante de rumores de paralisação da categoria, o governo apresentou um pacote de medidas para a categoria. Entre elas, a adoção de uma linha de crédito de R$ 500 milhões, em que cada caminhoneiro vai ter acesso a um financiamento de até R$ 30 mil. O dinheiro vai servir para que os profissionais possam comprar pneus e realizar a manutenção de até dois caminhões.

O governo também disse que vai efetuar melhorias nas estradas e construir pontos de descanso em rodovias federais, mas as medidas foram consideradas insuficientes pela categoria. De acordo com Dedeco, com a abertura de negociação, os caminhoneiros devem desistir de parar as estradas do país. “Da minha parte, eu peço aos caminhoneiros que se acalmem”, disse Dedeco.

No Twitter, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, também comentou sobre o encontro com os representantes dos caminhoneiros, por volta das 22h. Na primeira, Gomes de Freitas falou que houve a reunião e que o governo está trabalhando em “soluções efetivas”: “As portas estão sempre abertas e manter o diálogo é nossa prioridade”, escreveu.

Na segunda postagem, o ministro escreveu que construiu, em conjunto com os caminhoneiros e a CNTA, uma agenda de trabalho “que envolve eliminação de multas injustas, transferência do custo do diesel para tabela de frete, fiscalização dessa referência de custo e termo de compromisso com entidades representantes para tornar a fiscalização mais efetiva.”

Em nota publicada na noite de hoje, o Ministério confirmou que firmou uma agenda de trabalho a curto prazo com a categoria e citou os compromissos anunciados pelo ministro na rede social.