Representantes dos caminhoneiros disseram nesta segunda-feira, após uma reunião com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, que não vai haver paralisação da categoria, a partir da próxima segunda. Durante a reunião, que durou quase cinco horas, o ministro prometeu reajustar a planilha da tabela do piso mínimo de frete, umas das principais reivindicações da categoria. O ministro disse ainda que vai intensificar a fiscalização do cumprimento da tabela de frete mínimo, com a participação dos caminhoneiros, e atrelar o reajuste da tabela ao preço do diesel.
“Eu acho que nós conseguimos administrar essa condição de momento e não deve haver paralisação de caminhoneiros neste momento. A representação dos caminhoneiros está conseguindo conversar com o governo”, disse o presidente da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), Diumar Bueno.
Cerca de 30 representantes de 11 entidades de classe, além de um grupo de caminhoneiros autônomos, participaram da reunião. A proposta apresentada pelo ministério prevê que os próprios caminhoneiros ajudem a realizar a fiscalização da tabele de frete. Ainda esta semana, o ministro e o presidente da CNTA devem assinar um termo formalizando o procedimento.
De acordo com um dos líderes da categoria, Wanderlei Alves, conhecido como Dedeco, as reclamações relacionadas ao descumprimento da tabela serão encaminhadas pela confederação ao ministério, que se compromete a repassá-las à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). O ministério também se comprometeu, conforme o dirigente, a retirar multas de motoristas que denunciarem embarcadores que não vêm pagando o piso mínimo.
Mais cedo, antes da reunião, os caminhoneiros acenaram com a suspensão da paralisação em caso de contraproposta do governo sobre as principais reivindicações. De acordo com Dedeco, o governo também prometeu adotar outro procedimento solicitado pelos caminhoneiros, que está previsto na legislação que estabeleceu o piso mínimo de frete, que é o acionamento de um “gatilho” na tabela para acompanhar os reajustes no preço do diesel.
Pela proposta, a planilha da tabela de piso mínimo vai sofrer um reajuste toda vez que o percentual de aumento no diesel ultrapassar os 10%. O governo ficou de calcular de quanto vai ser esse reajuste. “É o gatilho que já existia e que precisava ser colocado em prática para que o aumento do diesel não prejudique a categoria”, disse Dedeco.
Na semana passada diante de rumores de paralisação da categoria, o governo apresentou um pacote de medidas para a categoria. Entre elas, a adoção de uma linha de crédito de R$ 500 milhões, em que cada caminhoneiro vai ter acesso a um financiamento de até R$ 30 mil. O dinheiro vai servir para que os profissionais possam comprar pneus e realizar a manutenção de até dois caminhões.
O governo também disse que vai efetuar melhorias nas estradas e construir pontos de descanso em rodovias federais, mas as medidas foram consideradas insuficientes pela categoria. De acordo com Dedeco, com a abertura de negociação, os caminhoneiros devem desistir de parar as estradas do país. “Da minha parte, eu peço aos caminhoneiros que se acalmem”, disse Dedeco.
No Twitter, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, também comentou sobre o encontro com os representantes dos caminhoneiros, por volta das 22h. Na primeira, Gomes de Freitas falou que houve a reunião e que o governo está trabalhando em “soluções efetivas”: “As portas estão sempre abertas e manter o diálogo é nossa prioridade”, escreveu.
Na segunda postagem, o ministro escreveu que construiu, em conjunto com os caminhoneiros e a CNTA, uma agenda de trabalho “que envolve eliminação de multas injustas, transferência do custo do diesel para tabela de frete, fiscalização dessa referência de custo e termo de compromisso com entidades representantes para tornar a fiscalização mais efetiva.”
Em nota publicada na noite de hoje, o Ministério confirmou que firmou uma agenda de trabalho a curto prazo com a categoria e citou os compromissos anunciados pelo ministro na rede social.