Ao receber os representantes da direção estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), na tarde desta terça-feira, o governador Eduardo Leite (PSDB) reforçou que procura realizar uma administração plural e de diálogo no Rio Grande do Sul. Embora o MST já tenha conversado com Leite durante a campanha, o primeiro diálogo oficial entre o Movimento e o governador só ocorreu hoje, mediado pelo deputado estadual Edegar Pretto (PT).
Durante a agenda, o petista elogiou a postura e agradeceu a disponibilidade de Leite em receber o grupo. Já o governador garantiu que as portas do Palácio Piratini seguem abertas a quem estiver disposto a dialogar.
Questionado sobre as críticas que recebeu após receber os sem-terras, Leite assinalou: “Estamos vivendo tempos difíceis na política nacional. Vocês viram a repercussão a respeito da foto com a deputada Maria do Rosário… Mas não deixarei de ter a minha posição, que assumi declaradamente, que é a do diálogo. Não significa ter absoluta convergência com as pessoas, significa que, passada a eleição, nós governamos para todos, tanto os que votaram quanto os que não votaram na gente. Eu tenho a obrigação de sentar, ouvir e identificar as demandas legitimas dos cidadãos gaúchos”, sintetizou.
Ainda que a desapropriação ou a aquisição de terras seja uma atribuição da esfera federal, o MST pediu a contribuição e o apoio do Piratini para facilitar o acesso à terra. De acordo com a direção estadual do Movimento, das 13 mil famílias assentadas no Rio Grande do Sul, cerca de 4,5 mil vivem em assentamentos sob a responsabilidade do governo estadual.
O MST também conta com 21 cooperativas agropecuárias, vinculadas à Cooperativa Central dos Assentamentos do Rio Grande do Sul. A produção leiteira, por exemplo, envolve mais de 7 mil famílias e, em 2017, atingiu 120 milhões de litros de leite. As famílias também produzem arroz, feijão, milho e soja.
Durante o encontro, o MST apresentou demandas, sintetizadas em um documento entregue ao governador. Uma delas, a liberação de verba do Programa Camponês, hoje travada no BNDES.
Outra preocupação do grupo se refere à educação no campo. Os representantes pediram a manutenção de escolas em assentamentos e a contratação de mais professores para a área rural. Hoje, 2,2 mil alunos assistem aulas em assentamentos do MST. As demandas devem ser tratadas em 6 de maio, em reunião com a presença do secretário da Educação, Faisal Karam.
Já para tratar de financiamentos e questões agropecuárias, o secretário da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, Covatti Filho, marcou um encontro para 30 de abril.
O Estado também busca fomentar a produção de alimentos pelos assentados, movimentando a economia gaúcha.