O ministro da Defesa, general Fernando Azevedo, classificou como “lamentável incidente” a morte do músico Evaldo dos Santos Rosa, de 51 anos, em decorrência de uma operação do Exército, em Guadalupe, zona Oeste do Rio de Janeiro. Mais de 80 tiros de fuzil, disparados pelos militares, atingiram o carro da família do sambista, na tarde de domingo. “Vamos apurar [o caso] e cortar na própria carne”, disse o ministro durante audiência pública na Câmara.
“Foi um lamentável incidente, que vamos apurar e cortar na própria carne. Ele será apurado até as últimas consequências. Tudo será julgado muito rápido e apurado da forma devida”, garantiu o general.
Segundo ele, ao redor da guarnição no bairro Marechal Deodoro há células de tráfico, milícias e organizações criminosas ameaçando, inclusive, a população local. “Houve [na ocasião] troca [de tiros] muito forte em uma vila residencial nas proximidades. Na volta, teve esse incidente envolvendo uma patrulha. Ao que parece, eles [os militares] não seguiram as normas regulamentares de engajamento (…) Foi lamentável e triste, mas foi um fato isolado”.
Fernando Azevedo disse que todos os militares envolvidos foram ouvidos e que a conclusão é de que eles “não seguiram as normas em vigor”. “É um fato dentro de um contexto de várias operações de GLO [Garantia da Lei e da Ordem] e de paz”, acrescentou.
Apesar do ocorrido, o general afirmou que a intervenção deixa um legado para o Rio de Janeiro. Ele lembrou, ainda, que tanto a GLO como as intervenções ocorridas no estado não foram a pedido das Forças Armadas. “Nós fomos convocados. Isso foi missão”.
Operação
O músico seguia com a família para um chá de bebê quando o carro cruzou com um grupo de militares, no perímetro de patrulhamento da Vila Militar. Segundo testemunhas, não havia operação policial e não houve ordem para o motorista parar. Sem aviso, os militares dispararam contra o veículo.
Evaldo levou três tiros e morreu na hora. O sogro, Sérgio Gonçalves de Araújo, recebeu um tiro nas costas e outro no glúteo. Os tiros atingiram também um homem que tentou socorrer a família.
Segundo a viúva de Evaldo, Luciana Nogueira, não houve confronto, e os tiros começaram assim que o carro da família entrou na rua.