Presidente da Junta Comercial deixa cargo alegando surpresa e órgão fica sem comando

Em comunicado, Itacir Amauri Flores considerou que “uma demissão via imprensa atinge o coração político de quem recebe a flechada”

Foto: Gustavo Mansur / Palácio Piratini

O advogado Itacir Amauri Flores pediu demissão da presidência da Junta Comercial, Industrial e Serviços do Rio Grande do Sul (JucisRS), depois de quatro anos à frente da autarquia. A carta de desligamento chegou ontem ao governador Eduardo Leite (PSDB). Inconformado, Flores deixou o cargo alegando surpresa e disse ter ficado sabendo, pela imprensa, da escolha de outro diretor para o órgão. “Saliento a Vossa Excelência que uma demissão via imprensa atinge o coração político de quem recebe a flechada”, mencionou, no comunicado.

“O meu sentimento é de desprezo a um trabalho realizado com afinco, dedicação e gestão pública, por quatro anos, na JucisRS”, desabafa. Ele disse que, no mesmo dia, havia sido informado que a intenção do governo era mantê-lo no cargo. “Logo à noite, o site do governo do Estado publicou a nova direção da Junta Comercial. Não é uma forma legal de ser demitido ou afastado de uma autarquia pública… por intermédio da imprensa e do (site do) governo do Estado”, lamenta.

Na noite de quinta passada, Eduardo Leite definiu os novos diretores da Junta Comercial para o quadriênio que termina em início de 2023. A autarquia vai ser composta pelo presidente Flávio Koch, pelo vice-presidente Sauro Henrique Souza Martinelli e pelo secretário-geral Carlos Vicente Bernardoni Gonçalves. Em reunião com o secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Ruy Irigaray, o governador também definiu os 21 nomeados para os cargos de vogais e de suplentes da Junta.

As nomeações, contudo, ainda não haviam sido publicadas no Diário Oficial, até a tarde de hoje. Com isso, a autarquia ficou sem comando. A exoneração de Flores também não chegou a ser publicizada. As duas medidas só foram oficializadas em uma edição extra do Diário, no início da noite.

A expectativa do secretário Irigaray é de que sejam necessários de 30 a 40 dias para colocar em dia cerca de 4 mil processos pendentes de análise, desde o início de março, em função da vacância registrada na Pasta. Eleito deputado, o ex-secretário, Dirceu Franciscon, decidiu deixar o Executivo e retornar à Assembleia. Em média, a Junta examina 24 mil processos e documentos mensalmente.

*Atualizada para acréscimo de informações no penúltimo parágrafo