Com público já bastante reduzido, muitos pavilhões do complexo começaram a diminuir suas atividades no início da tarde desta sexta-feira, no tradicional clima de “fim de festa”. A comitiva brasileira, entretanto, aproveitou até o último minuto, realizando circuitos guiados até a hora final do evento.
“Caminhamos 15 quilômetros no primeiro dia, 17 no segundo, e vamos assim até o último momento”, afirmou Lucas Neumann, da Tecsul Industrial, de Estação, no Noroeste do Estado. O empresário ainda reforça que a feira traz novas perspectivas, com possibilidade de aplicação no mercado brasileiro. Para ele, a chance de fazer contatos com eventuais parceiros de outros países também torna a feira uma experiência imprescindível.
O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Gilberto Porcello Petry, sai de mais uma Hannover Messe com a expectativa de negociações futuras envolvendo o Global Manufacturing and Industrialisation Summit (GMIS) e a Pepperl+Fuchs. “Esses dois contatos foram muito bons, talvez até superando contatos anteriores, pelas possibilidades futuras que se abrem. O do GMIS é importante pela chance do Estado receber um evento internacional, e a Pepperl+Fuchs pelo entusiasmo que eles estão com o potencial do Rio Grande do Sul, com a chance de implementarem uma unidade no futuro”, declarou Petry.
Giliane Brand, diretora da Tromink, que atua no ramo de armazenagem de grãos, participou da viagem à Class, fabricante de implementos agrícolas. “Percebi que o Brasil tem tecnologia embarcada em seus produtos. A John Deere, Case New Holland e a AGCO, por exemplo, demonstram que os produtos brasileiros não deixam a desejar para atender a produção agrícola em larga escala”, contou a empresária.
A indústria 4.0 e a “internet das coisas” foram, mais uma vez, a menina dos olhos da Hannover Messe. Cada vez mais estamos próximos da excelência em automação, unindo a força mecânica dos experimentos robóticos com a indispensável mão humana. Esse processo tem até nome: “cobot”, a colaboração entre o homem e a máquina, em harmonia, sem que os fios e cabos tomem o espaço dos seres vivos.
Outro ponto importante é a presença massiva de chineses nos pavilhões da feira. Os asiáticos se destacam em absolutamente todas as áreas, sendo mais comum ouvir diálogos em mandarim do que em alemão, a língua do país anfitrião. Desde componentes até softwares, a China é presença forte e marcante, demonstrando que a tradição asiática no ramo da tecnologia segue mais forte do que nunca.
Além disso, vale ressaltar o investimento do governo alemão na indústria 4.0. Pavilhões inteiros apresentam projetos universitários, de institutos de tecnologia e desenvolvimento, levando as cores germânicas em seus painéis. Via de regra, os expositores aparentam juventude, demonstrando o aporte do país no aprimoramento técnico das novas gerações.
E como nem tudo no universo da tecnologia é frio e estanque, encontramos um italiano muito simpático: Teo, o pianista. Nascido na Morsetti Italia, o “músico” toca e canta para entreter os visitantes do estande de seu “pai”. Mas se engana quem pensa que ele nos deu um autógrafo, já que suas mãos estiveram fixas ao instrumento musical durante todo o tempo.
Teo é um robô, e como tal, não pode compreender os aplausos que sua performance provocou. Fillipo Codara, CEO da Morsetti Italia, garante que ele se dá muito bem em competições com colegas de carne e osso, mas que jamais tirará o lugar destes. “Ele não tem alma”, confidenciou.
A percepção derradeira depois de cinco dias de imersão neste “admirável mundo novo” é de que o futuro é agora. Com protótipos “que nem mesmo Julio Verne sonhou”, dignos de um romance de Huxley ou Orwell, retornamos para casa com certeza de que “o passado é uma roupa que não serve mais”.
Perguntei a Codara até quando o pianista biônico seguirá sem uma alma. “Bem, isso eu realmente não sei. Quem sabe?”, encerrou.