MDB é a favor de reforma, com mudanças no texto; DEM quer aprovação urgente

Presidente Jair Bolsonaro se encontrou hoje com os presidentes das siglas, Romero Jucá e ACM Neto

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O presidente nacional do MDB, o ex-senador Romero Jucá, disse hoje que o partido é a favor da reforma da Previdência, mas vai propor alterações no texto enviado pelo governo. Ele se reuniu com o presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto. Bolsonaro reservou a agenda desta quinta-feira para conversar com dirigentes de seis partidos políticos e obteve apoio declarado do DEM, do PSDB e do PSD, embora os dois últimos tenham deixado claro a posição de independência e negado a intenção de fechar questão nas bancadas em troca de cargos no governo.

“Nós somos favoráveis a uma reforma, à construção de uma nova Previdência, agora questões específicas serão discutidas. O Benefício de Prestação Continuada [BPC], nós não concordamos da forma que está, a questão da aposentadoria rural, não concordamos do jeito que está. A questão dos professores queremos discutir. A questão da capitalização, o modelo não está claro, não é possível pedir capitalização de quem ganha um salário mínimo e meio ou dois salários mínimos. Isso não está ajustado e acho que deve ser discutido com mais profundidade”, disse.

Equivalente a um salário mínimo, o BPC é pago a idosos de baixa renda a partir dos 65 anos. A proposta de reforma da Previdência do governo prevê a redução do valor para R$ 400, com pagamento a partir de 60 anos, atingindo o salário mínimo a partir dos 70. No caso da aposentadoria rural, a proposta do governo é elevar de 15 para 20 anos o tempo de contribuição e instituir a idade mínima de 60 anos para homens e mulheres.

Jucá disse também que o partido ainda não decidiu se fecha questão (quando há a obrigação de votar conforme a orientação) a favor da reforma e descartou participar do governo federal, reforçando que o partido vai atuar com independência nas votações do Parlamento.

“O MDB não quer cargo, não quer ministério, não vai pedir nada. O que nós queremos é construir uma agenda que faça com o que partido possa votar, o governo sabendo da nossa posição, da nossa contribuição e o povo sabendo das posições do MDB para construir um Brasil melhor”, disse.

Segundo Jucá, o MDB, que conta com uma bancada de 34 deputados na Câmara, pretende atuar a favor de uma agenda específica, apresentada ao presidente da República. “Essa questão de ser ou não ser base é uma questão passada. A discussão agora é temática, é por projetos, por leis, por dispositivos, por posições que possam melhorar o povo brasileiro. Nosso compromisso é com a agenda econômica e social, com a criação de empregos, com a responsabilidade fiscal”, disse.

Presidente do DEM defende aprovação urgente

Mais cedo, o presidente do Democratas (DEM), ACM Neto, disse que o país precisa “o quanto antes” aprovar a reforma da Previdência e que o partido pode integrar a base do governo no Congresso. ACM Neto era o quinto presidente de partido a ser reunir com o presidente Jair Bolsonaro, que articula a aprovação da reforma previdenciária.

ACM Neto não descarta que o partido possa fechar questão e orientar os parlamentares a votar a favor da proposta do governo, mas disse que isso depende do texto que vai a votação no plenário da Câmara, e que ainda deve passar por modificações.

Segundo ACM Neto, a participação do partido na base do governo federal também depende de decisão da direção do DEM. “Ser base formalmente ou não é algo que pode acontecer com absoluta naturalidade, que vai acontecer no momento em que houver deliberação da executiva do partido. Mas a maior preocupação, tanto do DEM como do presidente Jair Bolsonaro, não está na formalidade, mas sim garantir que esse diálogo possa ser produtivo e facilite a andamento da agenda de reformas”, afirmou.

Também prefeito de Salvador, ACM Neto ressaltou que, além de destravar a economia, a reforma nas aposentadorias é importante para estados e municípios e disse que governadores e prefeitos terão que se posicionar.

Durante a reunião, ele esteve acompanhado do governado de Goiás, Ronaldo Caiado, também do DEM. Antes deles, Bolsonaro recebeu os presidentes do PRB, deputado Marcos Pereira (ES); do PSD, Gilberto Kassab; do PSDB, Geraldo Alckmin; e do PP, senador Ciro Nogueira (PI).