Maia prevê votação da reforma da Previdência em dois meses

Presidente da Câmara ofereceu churrasco para a cúpula dos Três Poderes para "dialogar e ouvir o governo"

Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil / CP

Anfitrião de um almoço que reuniu a cúpula dos Três Poderes neste sábado, o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que o objetivo do encontro foi “dialogar e ouvir o governo”. Segundo o parlamentar, “há um intuito de todos de construir uma nova agenda e de aprovar a reforma da Previdência”, e a previsão é que a proposta esteja pronta em dois meses. “Acho que poderemos ter o texto pronto para votar em plenário em maio”, disse, afirmando também que a base aliada do presidente Jair Bolsonaro na Casa deverá estar formada “em duas ou três semanas”, prazo suficiente para que seja analisada.

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“Este encontro é um sinal importante, estamos construindo um pacto para governar o Brasil”, disse sobre o churrasco do qual participaram do churrasco Bolsonaro, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, além de 15 ministros do governo. Questionado sobre o nome do deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) como relator do PEC da Previdência, Maia disse preferi-lo como líder. “O deputado Aguinaldo Ribeiro é sempre um bom nome para qualquer posição, prefiro ele na posição de líder”, disse. Ribeiro é cotado para assumir a liderança da Maioria na Câmara. “Não podemos achar que uma agenda tão importante para o Brasil é também uma agenda de mais de 300 deputados. É uma construção”, concluiu.

O presidente da Câmara defendeu também que um Poder respeite as decisões de outro Poder, mesmo quando não agrade. A declaração foi dada após almoço que reuniu a cúpula do Executivo, do Judiciário e do Legislativo em sua casa. “Se o Supremo, por exemplo, tomar uma decisão que me desagrade, eu tenho que respeitar a decisão”, afirmou Maia após o encontro. A declaração de Maia se dá após o Supremo ser alvo de novos ataques nas redes sociais e de críticas de procuradores da Lava Jato. O motivo foi a decisão que definiu a Justiça Eleitoral como foro competente para julgar crimes como corrupção e lavagem de dinheiro quando associados ao caixa 2.

Integrantes do partido de Bolsonaro, o PSL, inflaram essa reação. A deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) chegou a ir para a porta do STF, com um alto-falante, ameaçar os ministros de impeachment. Questionado sobre o fato de Bolsonaro ter compartilhado um vídeo do filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), com críticas à decisão, Maia disse não ter falado com o presidente sobre o assunto, mas pregou “liberdade de expressão”. “Toda crítica precisa ser respeitada num País que quer ser democrático, garantindo a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa. Mas a crítica não pode passar para uma agressão. Principalmente em relação a um poder que tem como função resguardar a Constituição”, disse

“Não pode atacar e desrespeitar os ministros do Supremo.” Presidente ao encontro, o presidente da Corte, Dias Toffoli, não tratou de nenhum episódio específico, segundo Maia. O presidente da Câmara disse que decidiu realizar o churrasco após uma conversa com o próprio Bolsonaro, que pediu para chamá-lo. “O convite surgiu de uma conversa prévia de quando fui visitar Bolsonaro no Palácio da Alvorada”, finalizou.