*Com informações de Eduardo Amaral
Nove agremiações passaram pelo Complexo Cultural do Porto Seco na segunda noite de desfiles do Carnaval de Porto Alegre. A folia novamente teve início com uma convidada, que foi a Tribo Os Comanches com seu enredo “Um tema para Lino e Jacira”.
Desta vez com menos atrasos, a noite seguiu conforme a ordem definida: primeiro desfilaram cinco escolas da Série Prata e depois três agremiações da Série Ouro fecharam as apresentações. Veja como terminou o chamado Carnaval da Resistência.
Copacabana
A Copacabana entrou na avenida pouco depois das 22h para abrir a segunda noite de desfiles competitivos do Carnaval de Porto Alegre. A escola levou para o Porto Seco o tema-enredo “Sou nagô, na Bahia cheguei, da culinária brasileira participei”, com a proposta de contar a influência negra na culinária brasileira.
O símbolo da escola, a sereia, veio logo no carro abre-alas, que também representou um navio negreiro. Depois da ala das baianas, surgiu outra alegoria, dessa vez com uma baiana nas cores da agremiação – azul, branco e rosa. Numa ala mirim, crianças apareceram vestidas de cozinheiras.
Unidos da Vila Mapa
A segunda escola da Série Prata a desfilar foi a Unidos de Vila Mapa, que trouxe o tema-enredo “A Vila Mapa comemora bebendo estrelas, pois é tempo de borbulhas”. A agremiação da Lomba do Pinheiro mostrou garra e os integrantes cantaram o samba-enredo que contava a história da uva, com destaque para o champanhe.
Unidos de Vila Isabel
Na sequência, a Unidos de Vila Isabel entrou no Porto Seco para falar das estrelas. Mesmo com o tema lúdico, e difícil de trabalhar, a escola de Viamão iniciou muito bem. Cantando mistério, encanto e magia, a agremiação citou o Zodíaco, fábulas, folclore popular e a fé do brasileiro. Mas a águia da paz, símbolo da escola, também garantiu espaço em um dos carros alegóricos.
União da Tinga
Um grito contra o racismo, assim pode ser chamado o desfile da União da Tinga, quarta escola a desfilar pela série Prata. A escola entrou na avenida pouco depois da 1h30min deste domingo com o tema-enredo “Negritude Raiz – eu sou negro e bato no peito”. O primeiro destaque foi a comissão de frente, que trazia uma coreografia forte representando a luta dos negros pela liberdade. O samba-enredo tinha um refrão marcante que foi, aos poucos cativando o público. “Eu sou negro e bato no peito e bato no peito, minha alma nunca morrerá”, bradou a agremiação.
Império do Sol
Para fechar a Série B, a Império do Sol levou ao Porto Seco o tema-enredo “África! Um canto negro de louvação e fé! Salve Otanpê Ojarô, princesa africana, rainha do candomblé”. A escola de São Leopoldo se propôs a contar a influência na cultura brasileira, com foco na religiosidade.
Conforme o presidente da agremiação, Aldemiro Silva, o Miro, o tema foi escolhido para marcar a posição de resistência do Carnaval de Porto Alegre. Na avenida, o tambor marcou o desfile, sendo destaque até nas alegorias. Já nas paradinhas da bateria, seguia apenas um tambor de ritos religiosos marcando o ritmo.
Império da Zona Norte
A responsável por iniciar a Série Ouro, por volta das 4h deste domingo, foi a Império da Zona Norte, com o tema-enredo “Império em devoção a São João”. A comissão de frente e o primeiro carro da escola destacaram as festas juninas; na alegoria, bandeirinhas, pau de sebo e balões davam o clima da comemoração entre os leões que simbolizam a escola.
A Império da Zona Norte entrou muito animada na avenida e acabou promovendo uma grande festa nordestina ao longo de sua apresentação. O samba apostou em elementos de ritmos como frevo e baião e conquistou com um refrão fácil: “Festa junina é pra lá de bã, já fiz promessa pra te namorá, São pedro, santo antônio e são joão, sou moça menina, quero me casá”.
Imperadores do Samba
Já passava das 5h quando a Imperadores do Samba começou seu desfile no Porto Seco. Sempre entre as favoritas, a vermelho e branco celebrou seus 60 anos de existência na avenida, apresentando um enredo que contava sua própria história. “Se não sabe quem eu sou, senta aí que eu vou contar: sou o mar de alegria que te faz arrepiar, vermelho da paixão, seu infinito amor, ô imperador!”, cantou a escola.
As alas relembraram os principais títulos da Imperadores do Samba ao longo de suas seis décadas, como “Zanzibar, ilha das especiarias”, de 2001, e “Sou Resistência e Não me Kalo: Frida Sou México em Flores, Cores e Amores: Diva entre Imperadores”, de 2017.
Já o último carro levou um bolo para comemorar o aniversário. Entre os destaques da agremiação estavam a comissão de frente bastante coreografada e as fantasias, que chamavam a atenção pela riqueza de detalhes e variação de cores entre as alas. A bateria também promoveu uma grande parada para convocar os integrantes a cantarem.
Já amanhecia em Porto Alegre quando a Estado Maior da Restinga entrou na avenida para fechar o segundo e último dia de desfiles. A última escola a desfilar no Carnaval 2019 apresentou o tema-enredo “Em Terras Tinguerreiras, Prevalece a Verdade, Quem Foi Rei Não Perde a Majestade”, abordando os reis e rainhas do povo brasileiro, fossem de verdade, subjetivos ou da ficção.
Na comissão de frente, a Restinga trouxe a representação de nomes como Carlinhos de Jesus, como rei da dança, Roberto Carlos, Chacrinha e Lampião. Pelé também estava lá, mas ganhou uma ala inteira em sua homenagem. Uma das alegorias trouxe aquele que foi apresentado pela escola como o verdadeiro rei: o cisne, que é o símbolo da verde, vermelho e branco.
Entre os pontos positivos, a agremiação colocou na avenida algumas das fantasias mais bonitas de todo o Carnaval de Porto Alegre.