O ex-presidente do Departamento de Transportes Rodoviários do Rio de Janeiro (Detro) Rogério Onofre negou à Justiça ter recebido propinas enquanto esteve à frente do órgão e se dispôs a revelar um dossiê sobre a corrupção envolvendo empresários de ônibus. Ele depôs hoje (11) ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, que cuida da Lava Jato no estado.
Onofre negou ter aceitado mesada ou algum outro tipo de dinheiro vindo da Federação das Empresas de Transporte de Passageiros (Fetranspor), associação que reúne os donos das empresas de ônibus no estado. “Não, em momento nenhum”. Perguntado pelo juiz sobre uma gravação em que ele supostamente aparece negociando com empresários de ônibus o reajuste da tarifa e reclamando sobre a redução de uma mesada de R$ 1 milhão para R$ 600 mil, Onofre nega que a voz na gravação seja a sua.
“Eu nego aquilo veementemente, nem estou reconhecendo a minha voz. Não me lembro de ter conversado isso, algum dia. Eu cheguei lá e veio o Jacob Barata [Filho, conhecido como rei do ônibus]. Eu não fiquei nem cinco minutos”, sustentou ele, que admitiu ter recebido, uma vez, uma sacola com R$ 250 mil de Barata, mas que foi devolvida no dia seguinte, quando se deu conta do que era.
Onofre foi preso, em julho de 2017, na Operação Ponto Final, que investiga a corrupção envolvendo agentes públicos e políticos com o recebimento de propinas das empresas de ônibus, a fim de facilitarem os reajustes nas tarifas. Depois de ser solto em agosto do mesmo ano, por decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ele foi novamente preso e ficou 14 meses na prisão, até ser liberado por Bretas, em setembro de 2018, proibido de se ausentar do município de Paraíba do Sul, onde reside e do qual já foi prefeito, fazendo uso de tornozeleira eletrônica.