As qualidades e os defeitos do Palestino

Adversário do Inter na Libertadores é traiçoeiro e reúne jogadores rodados, mas tem problemas técnicos evidentes

Entre São Paulo, Independiente de Medellín, Talleres e Palestino, deu a zebra: os chilenos surpreenderam duas vezes e chegaram à fase de grupos da Libertadores. Com um time fraco tecnicamente, porém organizado, os comandados do técnico Ivo Basay fizeram história e comemoraram muito a classificação para a fase de grupos da competição.

Jogadores do Palestino comemoram a classificação para a fase de grupos da Copa Libertadores (Twitter @CDPalestinoSADP)

Comentei pela Rádio Guaíba os dois jogos entre Palestino e Talleres, o que me permitiu conhecer melhor a equipe chilena. Trata-se de um conjunto com enormes problemas técnicos, compensados parcialmente pela entrega e experiência de boa parte dos jogadores. Dos titulares, dois estão com 30 anos, outros dois com 34 e Roberto Gutiérrez, o mais velho, já tem 35.

Palestino atua preferencialmente no esquema tático 4-3-1-2

O Palestino repetiu a mesma escalação nos quatro jogos que fez até aqui na Libertadores (campo acima). Para o jogo da semana que vem, contra o Inter, o técnico Ivo Basay não terá a mesma sorte. Luis Jiménez, capitão e principal jogador do time, deixou o jogo contra o Talleres com dores musculares e dificilmente terá condições de atuar. Outra baixa será o lateral direito Soto, que recebeu o terceiro cartão amarelo.

Veterano Luis Jiménez, ex-Internazionale, Lazio e Fiorentina, é o jogador mais técnico do time (Prensa Fútbol)

Luis Jiménez, 34 anos, construiu boa parte de sua carreira na Itália. Passou por Inter de Milão, Lazio, Parma e Fiorentina, além dos menores Cesena e Ternana. Revelado pelo próprio Palestino, estava no Oriente Médio desde 2011 e retornou ao seu clube formador no ano passado. Atua centralizado, à frente do trio inicial de meio-campo e atrás dos atacantes Roberto Gutiérrez e Passerini.

Roberto Gutiérrez foi o autor das duas assistências que originaram os gols da vitória sobre o Talleres (Agencia Uno)

O atacante Roberto Gutiérrez, 35 anos, passou a carreira entre o futebol do Chile e do México, tendo defendido por anos clubes como Colo-Colo e Universidad Católica. Goleador nato, não vive a fase mais artilheira de sua vida – longe disso -, mas foi o “garçom” do time na vitória contra o Talleres, dando os passes para os dois gols da vitória. Perdeu mobilidade com a idade avançada, mas continua sendo perigoso dentro da área e relativamente técnico.

Lateral direito Soto é perigoso no apoio, mas seu comportamento na defesa é disperso e desastrado (Karin Pozo)

Soto, o lateral direito, foi o melhor jogador do time no jogo de Córdoba. Fez o gol de empate e participou de uma série de jogadas interessantes pelo lado do campo. No jogo de Santiago, foi discreto e recebeu o terceiro cartão amarelo. Não enfrentará o Inter na próxima quarta-feira. Entretanto, vale ficar atento para jogos futuros. É um lateral de bom poder ofensivo, mas extremamente desatento na marcação.

Goleiro Ignacio González apresenta problemas técnicos que podem ser explorados pelo Inter (Jaime Figueroa)

Destaque da classificação diante do Independiente de Medellín, o goleiro Ignacio González viveu momentos conturbados nas partidas contra o Talleres. Estabanado e com problemas técnicos visíveis, tem dificuldades para sair do gol e tem o hábito de espalmar para frente. Não é confiável. Arriscar de média distância pode ser uma arma interessante para o Inter.

A média de idade do time titular é de 28 anos. A estatura média é 1,80 m. Roberto Gutiérrez, com 35 anos, é o mais velho, enquanto o lateral esquerdo Véjar, com 23, é o titular mais novo. Véjar também é o “baixinho” do time, com 1,68 m. O maior é Passerini, com 1,89 m.

Caso Luis Jiménez não tenha condições para enfrentar o Inter na semana que vem, seu substituto deve ser Jorquera, que entrou bem nos dois jogos contra o Talleres.

SEM “COITADISMO”

É imperioso afirmar: o Inter tem absolutas condições de estrear com vitória na Libertadores. Para o Palestino, já foi uma enorme conquista chegar na fase de grupos. Numa chave que tem o River Plate como adversário, começar com vitória fora de casa é um diferencial. Sem “coitadismo”, o Inter é imensamente melhor que o Palestino. E precisa jogar como tal.