Aposentados, pensionistas e representantes de centrais sindicais protestaram na tarde desta quinta-feira, no Centro Histórico, em frente ao prédio do INSS, contra a proposta de reforma da Previdência apresentada pelo Governo Federal. Munidos de faixas e coletes com críticas à reforma, dezenas de manifestantes defenderam a previdência social e o combate à sonegação fiscal. O grupo reforçou que o novo modelo representa o fim da previdência pública.
Liderados pela Federação dos Trabalhadores Aposentados e Pensionistas do Estado do RS (Fetapergs), dezenas de trabalhadores se revezaram nos discursos contra a reforma. “A Previdência não é deficitária, o que tem é um problema de gestão e fiscalização. É preciso fazer cobrança dos devedores, rever as isenções (fiscais) e apurar os desvios. Isso tem que ser corrigido num todo, porque quando isso acontecer, vai melhorar”, explica o presidente da Fetapergs, José Pedro Kuhn.
O dirigente reforça que o sistema de capitalização defendido pelo governo federal diminuirá a arrecadação e aumentará a desigualdade na sociedade, além de tramitar sem a devida transparência junto à sociedade. Kuhn alerta que a proposta ‘acaba com a seguridade social’ e defende ampliação do debate com a população. “Reforma não se faz de um dia para outro, é preciso discutir com a sociedade e ver os pontos que precisam ser melhorados”, observa.
Representantes da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil-RS (CTB-RS) também participaram do ato em favor da previdência pública. Para o presidente da CTB-RS, Guiomar Vidor afirma que o objetivo da reforma é ‘empurrar’ o trabalhador para um sistema privado, de capitalização. “Isso já não deu certo no Chile e na Argentina, que inclusive voltou atrás e adotou um sistema como o brasileiro”, ressalta.
Vidor explica que a proposta de reforma penaliza o trabalhador a partir do momento que estabelece 40 anos de contribuição e 65 anos de idade para aposentadoria. O dirigente garante que a medida exclui parcela significativa dos trabalhadores de ter o direito à aposentadoria. “Em vários estados brasileiros, e mesmo aqui no RS, se pegarmos cidades menores, mais periféricas, da fronteira, e outros setores nos grandes centros também, as pessoas não têm média de vida superior a 65 anos de idade. Significa, estabelecendo esse critério, digamos parelho, que acaba por vetar o direito à aposentadoria a esses trabalhadores”, compara.
Conforme Vidor, a trabalhadora mulher acaba sendo mais penalizada, principalmente a trabalhadora rural, com aumento de 55 para 60 anos de idade para a aposentadoria. “Ela sofre com tripla jornada de trabalho. E a trabalhadora urbana também, os professores, que acabam sendo sacrificados. E a gente não vê, por outro lado, o que se estabeleceu para os militares”, avalia. A CTB defende uma alternativa que dê sustentação à previdência social. “Não queremos esse modelo que está sendo apresentado, que é o fim da Previdência pública no Brasil”, completa.