O site da revista Veja divulgou nesta tarde os áudios que revelam que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e o então ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno (PSL), trocaram mensagens antes de culminar com a demissão dele após 49 dias no cargo. A exoneração do advogado Gustavo Bebianno Rocha foi publicada nesta terça-feira no Diário Oficial da União. O general da reserva Floriano Peixoto Vieira Neto assumirá a pasta. A crise no Palácio do Planalto começou após denúncias de candidaturas laranja no PSL.
O ex-ministro chegou a ser chamado de mentiroso pelo filho do presidente, vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), que rebateu entrevista de Bebianno ao jornal O Globo, em que ele afirmara ter conversado com o Jair Bolsonaro por três vezes. Hoje, a Veja desmentiu Bolsonaro e o filho ao revelar trechos da conversa. Os áudios são do dia 12 de fevereiro.
Ao considerar o Grupo Globo como um inimigo, Bolsonaro questionou uma reunião do ex-ministro com Paulo Tonet Camargo, executivo da emissora. “Eu não quero ele aí dentro. Qual a mensagem que vai dar para outras emissoras? Que nós estamos nos aproximando da Globo. Então não dá para ter esse tipo de relacionamento. Fica complicado a gente ter um relacionamento legal dessa forma porque cê tá trazendo o maior cara que me ferrou antes, durante e agora após a campanha para dentro de casa. Me desculpa. Como presidente da República, cancela. Não quero esse cara aí dentro e ponto final”, ordenou.
No segundo áudio, Bolsonaro mostrou-se incomodado com a ida de Bebianno e dos ministros Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) para o Pará a fim de discutir projetos para a Amazônia. “Gustavo, uma pergunta: Jair Bolsonaro decidiu enviar para a Amazônia?. Não tô entendendo. Quem tá patrocinando essa ida para a Amazônia?”, questionou.
Em meio ao imbróglio, Bolsonaro cancela a viagem por receio de vir a ser cobrado pela opinião pública. “Ô Bebiano, essa missão não vai ser realizada. Eu não quero que vocês viajem, por quê? Vocês criam a expectativa de uma obra, aí vai ficar o povo todo me cobrando. Isso pode ser feito quando nós acharmos que vai ter recurso, que vai ser aprovado etc. Então essa viagem não se realizará, tá ok?”, disse.
Após ser chamado de mentiroso por Carlos Bolsonaro, Bebianno respondeu. “Nós trocamos mensagens ontem três vezes ao longo do dia, capitão… Tira isso do lado pessoal. Ele não pode atacar um ministro dessa forma. Nem a mim nem a ninguém, capitão. Isso está errado. Por que esse ódio? Qual a relevância disso? Vir a público me chamar de mentiroso?”, rebateu. A reprodução dos áudios pode ser conferida no site do jornal Correio do Povo.
