Polícia trabalha com hipótese de negligência em caso de paciente que morreu com larvas na perna, em Bagé

Vítima faleceu após curativo não ser trocado e perna necrosar

Santa Casa de Bagé. Foto: Portal Bagé 24 horas

A Polícia Civil de Bagé, na Fronteira Oeste, trabalha com a hipótese de negligência no caso da morte de Eduardo Correa Costa, de 53 anos. A vítima estava internada na Santa Casa do município, desde o dia 21 de janeiro, em função de uma fratura na perna decorrente de um acidente de moto. Costa faleceu no último sábado, dia 2, após infecção generalizada ocasionada por larvas na perna.

Conforme o delegado André Mendes, “o paciente fez duas cirurgias, a última no dia 25. No final de semana a situação se agravou, quando constataram que tinha algum problema na perna. Os familiares se queixavam que o curativo não era renovado. A cirurgia foi na sexta e, até segunda de tarde, ele ficou sem revisão no curativo. Quando foram ver, já estava naquele estado”.

José Eduardo Costa Couto, sobrinho da vítima, alegou que “desde que o tio saiu da sedação, reclamou que estava com dor. Nós pedimos para alguém olhar, trocar o curativo, mas as enfermeiras diziam que era normal, que a cirurgia tinha sido um sucesso, que o médico prescreveu assim. No domingo começou o odor. E outra coisa: o médico operou ele e sumiu! Tinham outros médicos atendendo os pacientes do lado, mas no plantão não tinha. Foi aí que eu fui na polícia”.

José foi até a Delegacia registrar Boletim de Ocorrência após seu tio sentir muita dor e o curativo ser aberto pelas enfermeiras, no dia 28. Foi neste momento que eles verificaram que a perna estava tomada por larvas e apresentava coloração preta. “Precisaram trocar ele de quarto, pois o fedor estava demais”, comenta o sobrinho. No quarto estavam outros três pacientes.

Costa passou ainda por uma amputação na perna, que estava necrosada, na última quinta-feira, dia 31. Entretanto, não resistiu a uma infecção generalizada, que causou parada cardíaca e crise nos rins e faleceu no último sábado.

“Eu tenho o sentimento que mataram meu tio aos poucos. Ele chegou com um ferimento na perna e saiu em um caixão”, desabafa José.

A polícia deve ouvir, ainda nesta semana, o corpo clínico da Santa Casa de Bagé. Além disso, familiares de Costa e demais pacientes também devem prestar depoimento.

Procurada, a administração da Santa Casa informou que ainda não tem posicionamento sobre o caso. A diretoria do hospital deve se reunir entre hoje e amanhã para tratar do assunto.