O ex-ministro Antonio Palocci afirmou ter feito várias entregas de dinheiro em espécie, de origem de propina da Odebrecht, ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As informações são parte de um termo de delação que Palocci fechou com a PF (Polícia Federal) de Curitiba.
De acordo com Palocci, Lula pediu “cerca de oito a nove vezes valores em espécie” e os valores eram de até R$ 80 mil. Ainda segundo o ex-ministro, ele levou o dinheiro para o ex-presidente dentro da aeronave presidencial.
Em uma das vezes, relatou, entregou o valor, no Aeroporto de Congonhas, dentro de uma caixa de uísque. Em outro momento, garante o ex-ministro, “levou R$ 50 mil em espécie a Lula no Terminal da Aeronáutica em Brasília/DF, durante a campanha de 2010, dentro de uma caixa de celular”.
O depoimento de Palocci ocorreu no dia 13 de abril de 2018, na Superintendência da PF, em Curitiba. Em junho do ano passado, o TRF4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) homologou a delação. Nessa quinta-feira, os autos foram anexados ao inquérito da Polícia Federal sobre a Usina de Belo Monte.
O que disse a defesa de Lula
Em nota, o advogado de defesa de Lula, Cristiano Zanin, informou que “Palocci produziu mais uma narrativa mentirosa e mirabolante contra Lula em troca de benefícios negociados clandestinamente com agentes do Estado objetivando produzir resultados políticos contra o ex-presidente. É a mesma sistemática denunciada pela defesa de Lula ao Comitê de Direitos Humanos da ONU em 2016 e que aguarda julgamento perante aquela instância internacional”.
Ele também considerou que é “manifestamente ilegal o vazamento desse depoimento prestado à Polícia Federal, situação que deve merecer pronta iniciativa do Diretor-Geral do órgão e do Ministro da Justiça e Segurança Pública para investigação e punição dos envolvidos”.
Tríplex do Guarujá
Na delação, Palocci fala que Lula não tinha nenhum constrangimento em receber “financiamento ilícito e contribuições empresariais vinculadas ou não a projetos”. Ele também disse que questionou por qual motivo o ex-presidente, durante o andamento da Lava Jato, não quis pagar com recursos próprios o tríplex do Guarujá, no litoral de São Paulo.
“Por que você não pega o dinheiro de uma palestra e paga o seu tríplex?”, perguntou Palocci. “Um apartamento na praia não cabe em minha biografia”, respondeu Lula, segundo a delação.
O ex-presidente recebeu, em segunda instância, pena de 12 anos e um mês de prisão, por corrupção passiva no processo referente ao triplex. De acordo com a Justiça, o ex-presidente recebeu o apartamento da empreiteira OAS, como uma recompensa pelo esquema de corrupção na Petrobras. A defesa do ex-presidente sempre negou que o apartamento tenha sido de Lula.