A chefe de Polícia do Rio Grande do Sul, delegada Nadine Anflor, recebeu hoje a deputada federal eleita Fernanda Melchionna (PSol), o deputado estadual Pedro Ruas (PSol) e representantes do Ministério Público Federal e do Conselho Indigenista Missionário do Rio Grande do Sul. Ela se comprometeu a encaminhar um segundo encontro, com a participação da Brigada Militar, para solicitar que rondas policiais sejam feitas na área onde a comunidade indígena Mbya-Guarani da Ponta do Arado permanece instalada, com base em uma liminar judicial, no bairro Belém Novo, em Porto Alegre.
O pedido ocorre após a repercussão do relato da comunidade de um ataque a tiros seguido de ameaças de morte, que veio à tona na semana passada. O acampamento fica à margem do Guaíba, na localidade de Ponta do Arado, em um terreno reivindicado por uma empresa do ramo imobiliário.
A Polícia Civil se comprometeu, ainda, a dar continuidade e agilizar o andamento do inquérito que investiga os ataques. A delegada também colocou à disposição a 7ª Delegacia de Polícia da Capital para estabelecer um contato mais próximo com a comunidade, buscando que os indígenas tenham mais acesso a informações sobre a investigação. Nadine também recomendou que o grupo solicite formalmente uma audiência com o comando da Brigada Militar e garantiu que já realizou um primeiro contanto com o Comandante da BM, coronel Mário Ikeda.
Na sexta-feira da semana passada, peritos da Polícia Civil passaram pelo local em que os indígenas relataram o ataque e recolheram munição. Ainda assim, representantes da comunidade entregaram ao procurador cartuchos de pistola 9mm e revólver calibre 22 que ficaram espalhados pela área.
O grupo passou a viver no local em junho do ano passado, depois de ter sido retirado de outra área, também reivindicada como terra de ancestralidade indígena. A decisão judicial que suspende a construção de um complexo residencial pela Arado Empreendimentos Imobiliários Ltda. permite que os guaranis permaneçam no local, até a sentença final sobre a posse do terreno. Em nota, a empresa negou participação de seguranças particulares no ataque relatado pelos guaranis. Uma cerca instalada nas proximidades, porém, restringe a movimentação do grupo.
Nessa quarta-feira, um ato com a participação de representantes da comunidade Mbya-Guarani ocorreu em frente ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), com caminhada até o Ministério Público Federal, pedindo a revogação da transferência da Funai para o Ministério da Agricultura.