Proprietários de lojas do setor de armas estão otimistas e relatam aumento no interesse das pessoas pela compra de armamento e cursos de tiros em Porto Alegre. Segundo os comerciantes, a demanda teve crescimento após a assinatura do decreto do presidente Jair Bolsonaro, oficializado ontem, onde permite que cidadãos brasileiros com mais de 25 anos podem comprar até quatro armas de fogo para guardar em casa.
Dono de uma escola de tiro e de uma loja de armas em Porto Alegre, Dempsey Magaldi afirma que a procura por informações sobre cursos de tiro e valores dos equipamentos aumentou de forma exponencial nos últimos dias. Segundo Magaldi, o perfil dos compradores é variável, incluindo desde a dona de casa até o proprietário de áreas rurais.
“A gente sente uma procura maior das pessoas. E de um modo geral as pessoas de todas as faixas etárias, acima de 25 anos, que podem comprar uma arma estão nos procurando. E não existe uma predominância de perfil. Eu digo que todas as pessoas de uma forma geral têm uma carência na segurança e precisam se defender e proteger. Existe sim uma demanda e agora uma aceleração”, declara.
Preços das armas
Segundo comerciantes do setor, o mercado de armas trabalha com valores equalizados e sem muita variação de preço. Atualmente, adquirir uma pistola ou revólver, por exemplo, varia entre R$ 3 mil e R$ 6 mil, conforme o modelo. Em uma das lojas consultadas pela reportagem, uma pistola calibre 38 custa cerca de R$ 5 mil. Já o revólver calibre 38 custa R$ 3 mil.
Requisitos
O decreto refere-se exclusivamente à posse de armas. O porte de arma de fogo, ou seja, o direito de andar com a arma na rua ou no carro não foi incluído no texto. Os cidadãos deverão preencher uma série de requisitos, como passar por avaliação psicológica e não ter antecedentes criminais. O que muda com o novo decreto é que não há necessidade de uma justificativa para a posse da arma. Antes esse item era avaliado e ficava a cargo de um delegado da Polícia Federal, que poderia aceitar, ou não, o argumento.
Além de militares e agentes públicos da área de segurança ativos e inativos, poderão adquirir armas de fogo os moradores de áreas rural e urbana com índices de mais de 10 homicídios por 100 mil habitantes, conforme dados do Atlas da Violência 2018, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Limite
O limite de quatro armas poderá ser flexibilizado, caso o cidadão comprove a necessidade de adquirir mais, como, por exemplo, ser possuidor de mais de quatro propriedades rurais ou urbanas. De acordo com o decreto, caso na residência haja criança, adolescente ou pessoa com doença mental será necessário apresentar uma declaração de que existe um cofre ou outro local seguro com tranca para o armazenamento da arma.
Registros
O registro e a análise da documentação continuam sob responsabilidade da Polícia Federal, mas, segundo Bolsonaro, futuramente, de acordo com a demanda, poderá haver convênios com as polícias militares e civis para esse trabalho. O prazo para a renovação do registro da arma de fogo passará de cinco anos para 10 anos. Os registros ativos, feitos antes da publicação do decreto, estão automaticamente renovados pelo mesmo período.