O presidente Jair Bolsonaro defendeu que o Mercosul, bloco que reúne países sul-americanos, seja mais enxuto para ganhar relevância na região. Bolsonaro e o presidente da Argentina, Mauricio Macri, reuniram-se hoje pela manhã, no Palácio do Planalto, e conversaram sobre o aperfeiçoamento do Mercosul. Macri é o atual presidente do bloco.
“Concordamos com a importância de, com os demais parceiros, Paraguai e Uruguai, aperfeiçoar o bloco e propor nova agenda de trabalho, sempre com sentido de urgência”, disse Bolsonaro em declaração após a reunião ampliada entre os dois líderes e ministros de Estado, no Palácio do Planalto.
Para Bolsonaro, no plano interno, o Mercosul precisa valorizar a tradição original, de abertura comercial, redução de barreiras e eliminação de burocracias. “O propósito é construir um Mercosul enxuto que continue a fazer sentido e ter relevância”, disse.
Na frente externa, os dois líderes concordaram que é preciso “concluir rapidamente as negociações mais promissoras” em andamento e iniciar novas negociações “com criatividade e flexibilidade para recuperar o tempo perdido”. Entre as parcerias em negociação está o acordo do Mercosul com a União Europeia.
Além de Mercosul, as delegações trataram de temas diversos de interesses entre os dois países, como combate ao crime organizado e à corrupção, assim com defesa, ciência e tecnologia, energias renováveis e não renováveis, energia nuclear e dinamização do comércio.
Brasil e Argentina também assinaram hoje um novo tratado de extradição para aperfeiçoar o quadro de cooperação jurídica entre nossos dois países.
Macri fala em “salto”
Já o presidente da Argentina disse que a visita da comitiva ao Brasil marca o começo de um salto para frente no Mercosul. “Um salto para a frente na confiança e no vínculo que já eram bons e para que sejam ainda melhores entre Brasil e Argentina,” disse.
Durante brinde em almoço oferecido pelo governo brasileiro no Palácio do Itamaraty, Macri citou que as relações multilaterais no Mercosul começaram “de maneira equivocada”, o que levou ao atraso na região. “Protegíamos o crescimento, mas isso não funcionou. Aconteceu o contrário: nossos países ficaram atrasados”.
Mais cedo, Bolsonaro, ao discursar, criticou a existência de viés ideológico na relação bilateral. “Falamos sempre com franqueza, como deve ser entre amigos e parceiros estratégicos, sem qualquer viés ideológico. Não há tabus na relação bilateral, o que nos move é a busca de resultados concretos que contribuam para o desenvolvimento de nossos países e para o bem-estar de brasileiros e argentinos”, ressaltou.
Venezuela
Macri também disse que os governos brasileiro e argentino dividem preocupação com a situação da Venezuela. Segundo Macri, ambos reafirmaram posição de condenar o que entendem ser uma “ditadura de Nicolás Maduro”.
“A comunidade internacional já se deu conta: Maduro é um ditador que busca se perpetuar no poder com eleições fictícias, encarcerando opositores e levando os venezuelanos a uma situação desesperadora”, afirmou Macri. “Reiteramos que reconhecemos a Assembleia Nacional como a única instituição legítima na Venezuela, eleita democraticamente pelo povo venezuelano”, completou.